O mercado acionário segue atento a relação política interna do Brasil, com os embates sobre o teto de gastos entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. A possível ruptura do ministro com o governo mantém os investidores atentos a moeda norte-americana, dólar, que inicia esta terça-feira (18) em queda.
Por volta das 9h10, o dólar operava em queda de 0,39%, sendo negociado a R$ 5,48. Além da política interna, a externa também está no radar. As duas maiores economias ao invés de discutirem o acordo comercial, como estava previsto e foi adiado, permanecem com a escalada de tensão e sanções.
Os índices futuros das bolsas mundiais apontam para alta nesta terça, apesar do embate entre os Estados Unidos e a China.
Bolsonaro e Guedes
Os investidores seguem de olho na relação entre o presidente da República Jair Bolsonaro e o Ministro da Economia, Paulo Guedes. A discussão sobre o descumprimento do teto de gastos tem causado discordância entre os dois.
Na semana passada, Guedes defendeu o teto de gastos e prometeu “brigar com ministro fura-teto”. Segundo o líder da pasta econômica, o descumprimento das regras fiscais poderia levar Bolsonaro “a uma zona sombria, de impeachtment”.
Posterior a declaração do ministro, o presidente afirmou que respeitava o teto e a responsabilidade fiscal. No entanto, no dia seguinte, o mandatária afirmou que há uma “boa briga” no governo e salientou que a “ideia de furtar o teto existe, qual o problema?”.
Ademais, mencionou que os agentes financeiros precisavam de “patriotismo”. “Agora esse mercado tem que dar um tempinho também né? Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles, né? Não ficar aí aceitando essa pilha”.
Após esse posicionamento, surgiram temores de que a demissão de Guedes seria possível. O colunista da UOL, Josias de Souza, afirmou que o relacionamento entre ambos havia trincado e que o presidente tinha classificado a fala do ministro como “desleal” ao usar o termo “impeachment”.
Porém, Guedes afirmou na última segunda-feira (17) que permanece tendo a confiança de Bolsonaro e que sua fala foi um alerta sobre a necessidade de cumprir a lei ao avaliar novas despesas públicas. Apesar da confiança, o ministro não se sente a vontade no cargo.
“Existe muita confiança do presidente em mim e muita confiança minha no presidente […] À vontade nesse cargo, eu acho difícil você encontrar alguém que vai estar sempre à vontade, é um cargo difícil”.
Embora a declaração de Guedes, o mercado segue atento aos embates internos do governo.
EUA X China
O mercado global acompanha a saga de tensões entre as duas maiores economias do mundo. Após adiarem indefinidamente a reunião que discutiria a implementação da fase inicial do acordo comercial, os Estados Unidos decidiram ampliar sanções contra a chinesa Huawei.
Na segunda, o secretário de Estados dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que o governo de Donald Trump ampliou as restrições de compras de tecnologia norte-americana pela Huawei.
O Departamento do Comércio adicionou 38 filiais da gigante chinesa em todo o mundo à “lista de entidades”. Segundo o departamento, a empresa utilizava as subsidiárias internacionais para exportação de tecnologia estadunidense.
Essa medida, fomenta ainda mais a escalada de tensões.
“Hoje, desferimos um golpe direto na Huawei e no repressivo Partido Comunista Chinês ao limitar ainda mais a capacidade da Huawei de adquirir a tecnologia dos EUA e comprometer a integridade das redes mundiais e das informações privadas dos americanos”, disse o secretário.
Mercado internacional
Os índices futuros do mercado internacional apontam para uma leve alta apesar da tensão geopolítica.
- Nova York (S&P 500): +0,16%
- Nova York (Dow Jones): +0,25%
- Nova York (Nasdaq): +0,31%
- Londres (FTSE 100): +0,34%
- Frankfurt (DAX 30): +0,72%
- Paris (CAC 40): +0,45%
- Xangai (SSEC): +0,36%
- Hong Kong (Hang Seng): +0,08%
- Tóquio (Nikkei 225): -0,20%
Última cotação do dólar
Na véspera, segunda-feira (17), o dólar encerou em alta de 1,262%, negociado a R$ 5,4959 na venda.