Em nova revisão, o Citi passou a projetar dólar de R$ 4,95 no fim de 2023, cortando as projeções anteriores de R$ 5,10.
Segundo o banco, o real tende a se beneficiar com o cenário global atual, que conta com baixa volatilidade e fraqueza do dólar.
Isso, além da melhora da classificação de risco pela S&P Global e pelos indicadores econômicos mais favoráveis, como o PIB acima do esperado e a inflação abaixo das projeções.
Contudo, no curto prazo a expectativa é de que o dólar fique em um patamar de R$ 4,90 por conta de “incertezas em relação à política monetária dos EUA, que podem se tornar um ‘vento contrário'”. A projeção anterior era de R$ 5.
O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 20, em leve alta no mercado doméstico de câmbio, em meio a ajustes e movimentos de realização de lucros estimulados pela onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Um corte abaixo do esperado dos juros pelo Banco do Povo da China (PBoC) lançou dúvidas sobre o ritmo de crescimento da segunda maior economia global e deprimiu os preços de commodities metálicas e do petróleo. Em clássico movimento de busca por proteção, investidores reduziram exposição em ações e moedas emergentes para se abrigar nos Treasuries, cujas taxas recuaram.
Em alta desde a abertura, o dólar chegou a superar o teto de R$ 4,80 no fim da manhã, ao correr até a máxima de R$ 4,8087, mas perdeu parte do fôlego ao longo da tarde. No fim do dia, a moeda era cotada a R$ 4,7961, em alta de 0,43%. O real apresentou desempenho superior a de seus pares latino-americanos, à exceção do peso colombiano, e da maioria das divisas de exportadores de commodities. Em junho, o dólar apresenta desvalorização de 5,46%. Houve melhora da liquidez no retorno dos negócios em Nova York após o feriado de ontem nos Estados Unidos. Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar para julho teve giro superior a US$ 11 bilhões.
“Tivemos um movimento de realização hoje no câmbio, mas a sensação é que o dólar pode cair ainda mais. Existe um fluxo muito estrangeiro muito forte para o Brasil pelos juros altos e para a bolsa”, afirma o economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, acrescentando que o novo arcabouço fiscal e a redução das expectativas de inflação melhoraram a percepção de investidores em relação ao Brasil.
Goldman Sachs também revisou o dólar
Assim como o Citi, em uma maré de otimismo, analistas do Goldman Sachs revisaram suas projeções para o Dólar e projetam uma moeda mais fraca ante o Real em 2023 e em janelas mais longas.
“Embora uma pequena retração após um forte rali seja certamente possível de ocorrer, o dólar frente ao real ainda tem espaço para uma tendência de baixa”, dizem os analistas.
Para a casa, o preço justo do dólar é de R$ 4,40, ao passo que a cotação atual é de R$ 4,77 – representando uma queda de 4,5% no acumulado dos últimos 30 dias.
O Goldman Sachs aponta que o Real ainda tem fôlego para desempenhar melhor, sendo negociado com desconto próximo de 10% ante o valor justo estimado pelos analistas.
Além disso, especialistas destacaram justamente os indicadores recentes como pontos que contribuíram para a tese.
“No que tange à inflação, a leitura do IPCA de maio surpreendeu com o enfraquecimento ‘periférico’ e apontou para um progresso visível nos componentes do núcleo e de serviços”, diz a casa.
O cenário, aliás, motivou uma revisão generalizada das estimativas do mercado financeiro, que cortou projeções de juros e de IPCA no Boletim Focus desta semana.
Projeções do Focus
O Boletim Focus desta semana cortou as projeções do câmbio de R$ 5,10 para R$ 5 neste ano, e de R$ 5,17 para R$ 5,10 para 2024.
Há quatro semanas, as projeções eram de R$ 5,15 para 2023 e de R$ 5,20 para o ano de 2024.
Cotação do dólar
Atualmente o dólar está cotado a R$ 4,79, representando uma queda de 4,16% em 30 dias. Em uma janela de um ano, há 7,6% de recuo na moeda americana ante o real.
(Com Estadão Conteúdo)
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