O dólar opera em baixa na manhã desta segunda-feira (22) após fechar a semana anterior no positivo. A moeda americana lida com um impasse do teto da dívida nos EUA e mudança nas projeções de inflação.
Os contratos futuros do dólar, com vencimento para junho, operam em queda de 0,71% a R$ 4,979, ao passo que o dólar comercial cai 0,68% a R$ 4,961.
Atualmente o mercado de câmbio ajusta-se à queda da moeda americana no exterior frente moedas rivais e algumas emergentes ligadas a commodities com expectativas de uma nova reunião nesta segunda do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy – que devem discutir o impasse sobre o teto da dívida e incertezas em relação à política monetária do Federal Reserve (Fed).
Os investidores olham ainda uma melhora nas expectativas para o IPCA. A previsão de alta do indicador passou de 6,03% para 5,80% neste ano, e para 2024 recuou de 4,15% para 4,13%.
Ao mesmo tempo, as estimativas do mercado para a Selic seguem estáveis em 12,50% para 2023 e em 10,00% para 2024.
Já a expectativa para o crescimento do PIB de 2023 melhorou, subindo de 1,02% para 1,20%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o IPCA no Focus está em linha com as projeções de sua pasta.
Os investidores aguardam também hoje discurso do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em seminário sobre os dois anos de autonomia do Banco Central, promovido pela Folha de S.Paulo, em meio às discussões sobre início do ciclo de afrouxamento monetário, mudança de meta de inflação e de horizonte de meta de inflação (10h).
A votação do arcabouço fiscal no plenário da Câmara na terça ou na quarta-feira, e o IPCA-15 de maio também são esperados nesta semana.
Sobre a nova regra fiscal do País, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse esperar que a aprovação do arcabouço fiscal nesta semana possa ajudar nas negociações ainda em curso sobre alguns pontos da reforma tributária e prometeu pautá-la ainda neste primeiro semestre, antes do recesso parlamentar, mesmo que haja risco de que não seja aprovada.
Lira também garantiu que trabalhará para que a votação de aprovação do arcabouço seja ainda mais expressiva do que a da urgência na tramitação do projeto (367 votos a favor e 102 contra).
Fed e Wall Street puxam dólar
O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUS) em Minneapolis, Neel Kashkari, disse nesta segunda-feira, em entrevista à CNBC, que será difícil ele decidir se votará por um novo aumento de juros ou por uma pausa no processo de aperto monetário, na reunião do Fed em junho.
Neste domingo, Kashkari havia indicado que pode apoiar a manutenção dos juros no nível atual (entre 5,00% e 5,25%) na próxima reunião em junho. Já o presidente do Fed St.Louis, James Bullard, disse “crer que teremos de subir mais os juros para conter a inflação”.
No último dia 3, o Fed elevou seus juros em 25 pontos-base, mas sugeriu a possibilidade de uma pausa no mês que vem. Já o presidente do Fed, Jerome Powell, disse na sexta-feira que o aperto no crédito bancário poderia levar a menos aperto da política monetária.
Ao mesmo tempo, Powell também demonstrou preocupação com a inflação ainda acima da meta, e apontou que ela mantém fôlego em serviços, deixando as opções em aberto e enfatizando que o BC reagirá aos dados a cada reunião.
Em Nova York, os índices futuros das bolsas passaram a subir, mas o Nasdaq futuro oscila perto da estabilidade.
A ação da Micron Technology opera em forte baixa e puxa os papéis de outras empresas do setor para o terreno negativo nos negócios do pré-mercado, após a China proibir empresas locais de comprar produtos da maior fabricante de chips de memória dos EUA por supostos “riscos de segurança”, numa aparente retaliação a restrições tecnológicas impostas pelos EUA aos chineses.
O Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) deixou suas principais taxas de juros inalteradas por mais um mês: a taxa de juros de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) de 1 ano segue em 3,65% e a taxa para empréstimos de 5 anos em 4,30%, também ficando no radar do dólar.
Com Estadão Conteúdo