Dólar emenda segunda queda consecutiva e fecha pouco acima dos R$ 5
O dólar emendou nesta terça-feira, 9, a segunda sessão consecutiva de queda no mercado doméstico de câmbio e chegou a flertar com o rompimento do piso de R$ 5,00 ao longo do dia. A valorização do real é amparada pela recuperação dos preços do minério de ferro, que subiram mais de 5% hoje, e pelo o recuo das taxas dos Treasuries, na véspera da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA.
A sessão da cotação do dólar foi de oscilações modestas, com variação de pouco mais de dois centavos entre a máxima (R$ 5,0269) e a mínima (R$ 5,005). No fim do dia, a divisa recuava 0,47%, cotada a R$ 5,0076 – menor valor de fechamento desde 27 de março, a última vez em que a moeda encerrou abaixo do nível R$ 5,00. Em abril, o dólar ainda acumula valorização de 3,18%.
“Hoje, o mercado está bem tranquilo. O real aproveita a recuperação do preço do minério de ferro, que já tinha subindo bastante ontem e continuou a se valorizar hoje. Além disso, as taxas dos Treasuries caem”, afirma o head da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. “Amanhã pode ser um dia de volatilidade do dólar. Se o CPI sair acima ou abaixo do esperado, vamos ter uma chacoalhada forte no mercado”.
A moeda americana perdeu força em relação à maioria das divisas emergentes e de exportadores de commodities. Uma das exceções foi o peso mexicano, que caiu cerca de 0,50% em relação ao dólar. Leitura inflação ao consumidor no México em março veio abaixo das expectativas, abrindo, em tese, espaço para continuidade de corte de juros pelo Banxico – até o momento o banco central mais conservador na América Latina.
“Com a inflação melhor que a esperada, a curva de juros está caindo no México. Parece uma realização de lucros com a moeda. O peso mexicano estava muito esticado na comparação com o real”, diz Weigt.
Após a forte geração de empregos nos EUA em março, revelada pela divulgação do payroll na última sexta-feira, 5, as expectativas se voltam para a leitura do CPI em março – que pode fornecer insumos para calibragem das apostas em torno do rumo da política monetária americana. Nos últimos dias, as aposta majoritárias em relação ao início de corte de juros pelo Federal Reserve neste ano deslocaram-se de junho para julho.
Segundo o estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein, o maior risco cambial seria um adiamento para o fim do ano do relaxamento monetário nos Estados Unidos. Se o Fed promover apenas um ou dois cortes, ou nenhum, como alguns já preveem, haverá uma valorização adicional do dólar.
Além do CPI nos EUA, amanhã sai o IPCA de março. Resultado acima do esperado pode engrossar as apostas de que o Banco Central reduza o ritmo de corte da taxa Selic a partir da reunião de junho e mire taxa terminal não muito abaixo de 10%. Um BC mais cauteloso pode resultar em manutenção de diferencial de juros interno e externo ainda atraente para operações de carry trade, dando certo suporte ao real e afetando a cotação do dólar.
(com Eduardo Laguna)
Com Estadão Conteúdo