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Dólar tem refresco na sexta com melhora externa, mas acumula alta na semana. O que esperar?

SNCI11 anuncia dividendos de R$ 0,95 por cota

SNCI11 anuncia dividendos de R$ 0,95 por cota. Foto: iStock

Após superar os R$ 5,20 pela manhã, em meio ao impacto da divulgação do relatório de emprego nos Estados Unidos, o dólar à vista experimentou uma acomodação ao longo da tarde desta sexta-feira, 6. Com melhora do apetite ao risco lá fora, na esteira de releitura de números do payroll, a moeda encerrou a sessão desta sexta-feira em baixa de 0,14%, cotada a R$ 5,1622.

Apesar do refresco desta sexta, a moeda dos EUA termina a semana, que corresponde aos cinco primeiros pregões de outubro, com valorização de 2,69%, em linha com o fortalecimento global da moeda norte-americana. Foi a maior alta semanal desde a primeira semana de agosto (+3,05%).

Mais uma vez, a formação da taxa de câmbio nesta sexta foi ditada pelo exterior. Pela manhã, o payroll mostrou criação de 336 mil vagas nos EUA em setembro, bem acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (175 mil). Foi a senha para mais uma onda avanço do dólar e das taxas dos Treasuries.

Com o mercado de trabalho norte-americano apertado, ganhou força a leitura de eventual alta adicional da taxa básica pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) neste ano e, sobretudo, a visão de juros mais elevados por período prolongado.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a seis moedas fortes – esboçou atingir os 107,000 pontos, ao registrar máxima aos 106,874 pontos. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities mergulharam. Por aqui, o dólar à vista até 5,2207, máxima da sessão, com zeragem de posições ‘vendidas’ no mercado futuro.

Já no fim da manhã, a maré começou a virar. As bolsas em Nova York passaram a subir e a cotação do dólar trocou de sinal em relação ao euro e às moedas emergentes. Esse movimento se acentuou ao longo da tarde, com reflexos no mercado local, levando o dólar a tocar mínima R$ 5,1467.

Operadores atribuíram o alívio a ajustes técnicos, dado que os ativos de risco já se depreciaram bastante ao longo da semana. Outro ponto mencionado foi a desaceleração do ritmo de alta taxa da T-note de 10 anos, que, após atingir 4,859% pela manhã, passou a operar abaixo de 4,80%, com investidores digerindo o payroll e dando mais ênfase à desaceleração no crescimento dos salário a estabilidade da taxa de desemprego.

Dólar tem dia volátil

“O dia foi bem volátil, com uma digestão ambígua dos dados do relatório de emprego dos EUA. Houve um choque inicial com o número em si, mas que foi diminuindo ao longo da tarde, com uma leitura mais benigna do payroll”, afirma analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, acrescentando que investidores passaram a dar mais relevância a dado de salário e taxa de desemprego. “Já estava no preço que o terceiro trimestre seria forte nos EUA. A expectativa é que haja uma desaceleração marginal no quarto trimestre em nível suficiente para levar ao fim do ciclo de aperto monetário e à descompressão da curva de juros americana.”

Apesar do refresco ao longo da tarde, tanto o real quanto seus principais pares latino-americanos apresentam baixas pesadas neste início de outubro, devolvendo parte dos ganhos acumulados no ano. No fim da tarde, as perdas semanais eram puxadas pelo peso colombiano (-6,00%), que ainda avança cerca de 10% ante o dólar em 2023, seguido pelo peso mexicano (-4,38%).

Para o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, o tombo dos ativos de risco nos últimos tempos representa uma correção “de um excesso de otimismo” que prevaleceu no mercado ao longo do primeiro semestre deste ano. Havia a perspectiva de que seria possível um processo de desinflação com preservação do crescimento econômico e sem necessidade de mais aperto monetário.

“Os BCs de EUA e Europa estão dizendo que vão precisar subir mais os juros ou manter as taxas elevadas por mais tempo para controlar a inflação, e o mercado está se dando conta de que a atividade econômica vai desacelerar”, afirma Padovani, que chama a atenção também para os problemas na China. “Existe a leitura de que a desaceleração chinesa é mais duradoura, é o fim de um ciclo mais forte de crescimento. Com Europa, Estados Unidos e China crescendo menos, o mundo cresce menos e o risco aumenta em relação a mercados emergentes.”

Padovani trabalha com perspectiva de dólar forte no mundo, dado que a economia dos EUA ainda vai se sobressair em relação a de outros países desenvolvidos, e taxa de câmbio de R$ 5,30 no fim do ano. Ele observa que, além do quadro externo, o real perde força com uma diminuição da atratividade do “carry trade“, já que o BC vai reduzir a taxa Selic, e a questão fiscal “ainda não resolvida”, o que aumenta o prêmio de risco.

Com Estadão Conteúdo

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