Em dia marcado pelo enfraquecimento da moeda americana em relação a divisas emergentes e pelo recuo das taxas dos Treasuries, o dólar emendou o terceiro pregão seguido de baixa no mercado doméstico de câmbio e encerrou a sessão desta sexta-feira, 12, no menor nível de fechamento deste ano. O real e seus pares se beneficiaram hoje do aumento das apostas em início de queda de juros nos EUA a partir de março, na esteira da leitura fraca da inflação no atacado americano em dezembro, e, em menor medida, de nova rodada de alta do petróleo
Com mínima a R$ 4,8320 pela manhã, no auge do apetite ao risco no exterior, o dólar terminou o pregão cotado a R$ 4,8575, em baixa de 0,36%. Após ter subido 0,39% na primeira semana de janeiro, quando superou o teto de R$ 4,90, a divisa dos EUA recuou 0,30% nesta semana. No acumulado dos nove primeiros pregões de 2024, contudo, a cotação do dólar ainda apresenta ligeira alta (+0,08%).
Após certa frustração ontem com o resultado levemente acima das expectativas da inflação ao consumidor americano em dezembro, o mercado celebrou o desafogo da inflação no atacado – que sinaliza para continuidade da tendência de desinflação nos Estados Unidos. Divulgado pela manhã, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) mostrou deflação de 0,1% no mês passado, abaixo do consenso das estimativas de analistas, que apontava para uma alta de 0,2%.
Foi a senha para que os investidores reforçassem as apostas em início de afrouxamento monetário nos EUA ainda no primeiro trimestre. Monitoramento do CME Group mostrou que as chances de corte de juros pelo Federal Reserve em março subiram de 71% ontem para mais de 80% após a divulgação do PPI, voltando a níveis vistos no fim de 2023. No fim da tarde, haviam recuado para 79,5%.
O sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac, lembra que dados fortes do mercado de trabalho americano divulgados na semana passada haviam provocado alta dos Treasuries e do dólar no exterior, com reflexos no mercado de câmbio local. A expectativa era que as leituras de inflação referentes a dezembro divulgadas nesta semana servissem de contraponto ao resultados do relatório oficial de emprego (payroll), mostrando que o processo de desinflação nos EUA prossegue mesmo com mercado de trabalho ainda apertado.
“O CPI ontem decepcionou. Mas os dados do PPI surpreenderam e fortaleceram essa narrativa, que já era forte, de que o Fed vai cortar os juros em março. Isso levou ao enfraquecimento do dólar em relação a moedas emergentes, que também se beneficiaram da alta do petróleo”, afirma Izac, que vê possibilidade de nova rodada de fortalecimento do real. “Com esse cenário macro, parece muito mais possível e provável um dólar abaixo de R$ 4,80 do que perto ou acima de R$ 5,00”.
À tarde, o mercado de dólar ficou atento aos dados do Banco Central. O BC informou que o fluxo cambial total foi negativo em US$ 2,062 bilhões na primeira semana do ano, graças à saída liquida de US$ 3,793 bilhões pelo canal financeiro. Já do lado do comércio exterior, houve entrada líquida de US$ 1,731 bilhão.
Com Estadão Conteúdo