O dólar inverteu o sinal nos últimos minutos da sessão desta quinta-feira (17) passando a ceder por causa de um movimento de ajuste.
Operadores do mercado mencionaram que o nível de R$ 5,65 que a divisa do dólar sustenta por três pregões é considerado elevado e que não houve novidades no noticiário doméstico fiscal.
Mais cedo, o câmbio foi pressionado pelo cenário externo, como a nova decepção do mercado com a China e uma bateria de dados mais fortes da economia dos Estados Unidos.
No segmento à vista, o dólar caiu 0,10%, a R$ 5,6596. Às 17h44, o contrato para novembro recuava 0,28%, a R$ 5,6620. Já o DXY, que mede a moeda americana contra seis rivais fortes, fechou em alta de 0,20%, a 103,795 pontos.
O especialista em câmbio da Manchester Investimentos, Thiago Avallone, afirma que o movimento está atrelado a um ajuste, em que “é natural que o dólar ande de lado, pois está em patamar muito elevado”. Além disso, a preocupação doméstica – o quadro fiscal brasileiro – seguiu sem novos desdobramentos, abrindo espaço para uma realização.
Para o consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, André Galhardo, o potencial alívio no câmbio está atrelado ao fato de que o governo recentemente tem dado indicações de que realizará um ajuste fiscal pelo lado das despesas, o que traria maior sustentação para o arcabouço fiscal.
Desde a virada de setembro, o dólar acumula alta de 4% ante o real e, na visão de participantes do mercado, a pressão tende a elevar as projeções de câmbio para o fim de 2024, ainda que possa haver um alívio em relação ao nível de R$ 5,65 alcançado recentemente.
Ainda assim, a apreciação do real não foi exceção. Entre as oito principais divisas de emergentes e exportadores de commodities, só três se desvalorizaram em relação ao dólar: a mais expressiva foi o peso chileno, que caiu cerca de 1%, enquanto o mercado aguarda a decisão de política monetária do país, marcada para após o fechamento.
Pela manhã, a divisa norte-americana chegou a tocar os R$ 5,6880, na máxima intradia. Galhardo, da Remessa Online, considera que o elemento mais importante de pressão sob o real nesta quinta-feira foi a China, que “novamente decepcionou com a ausência de informações mais completas sobre as medidas de estímulo, o que impacta na cotação do minério de ferro”.
Outro ponto de pressão para o real diz respeito aos dados benignos de emprego, varejo, indústria e construção dos Estados Unidos.
“Dados fortes nos EUA saíram pela manhã e isso mostra economia resiliente, o que acaba tirando chance de um comportamento mais agressivo no corte da taxa de juros lá fora. Isso acaba favorecendo ainda mais a moeda americana”, pondera o especialista em câmbio da Manchester.
Nesta quinta, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu as taxas de juros pela terceira vez seguida, o que também aumenta a atratividade do dólar.
Com Estadão Conteúdo