O dólar sobe na manhã desta quarta-feira (6), puxado pelo avanço dos juros dos Treasuries e do dólar no exterior, em meio à crise energética na China e Europa que pressiona a inflação global, ajudando a sustentar a aversão a risco nos mercados. Os investidores olham ainda as vendas fracas no varejo no Brasil em agosto na margem e na comparação interanual, que reforçam a percepção de desaceleração da atividade econômica. Os problemas fiscais persistentes no País seguem ainda no radar dos investidores.
Às 10h45 desta quarta, o dólar à vista subia 0,73%, a R$ 5,51. O dólar futuro para novembro ganhava 0,54% no mesmo horário, a R$ 5,53.
As bolsas internacionais têm perdas fortes também diante do impasse sobre o teto da dívida nos EUA e perspectivas de início da retirada de estímulos pelo Federal Reserve programada para novembro, mas que depende ainda dos resultados do mercado de trabalho do País.
O relatório ADP de empregos no setor privado americano mostrou, mais cedo, a criação de 568 mil vagas em setembro, com ajustes sazonais. O número veio bem acima da expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam criação de 425 mil postos de trabalho no último mês.
Por outro lado, a ADP revisou ligeiramente para baixo sua estimativa de geração de empregos em agosto, de 374 mil para 340 mil. A pesquisa da ADP é considerada uma prévia do relatório de emprego (payroll) dos EUA, que inclui dados do setor público e será divulgado na sexta-feira (8).
Em reação a esses dados, os índices futuros das bolsas de Nova York aceleraram levemente a queda, pois, apesar do bom resultado de setembro, a geração de vagas em agosto foi revisada para baixo pela ADP.
Por aqui influencia no dólar, as vendas do comércio varejista recuaram 3,1% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio abaixo do piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast que tinha intervalo de queda de 1,4% a alta de 2,4% com mediana de 0,6%.
Na comparação a agosto de 2020, as vendas do varejo recuaram 4,1%. Por essa base de comparação, o resultado também foi pior do que o piso das projeções, que iam de queda de 0,3% a avanço de 5,2% com alta de 2,0% na mediana. As vendas do varejo restrito, que incluem oito ramos acompanhados pelo IBGE, acumularam crescimento de 5,1% no ano e alta de 5,0% em 12 meses.
Quanto ao varejo ampliado, que inclui o comércio de material de construção e de veículos, as vendas caíram 2,5% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal, vindo novamente pior do que as expectativas. A mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast era de queda de 0,5%, com intervalo de recuo de 1,80% a avanço de 1,90%.
Mais cedo, fora dos compromissos agendados para esta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu, pela manhã, com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O encontro teve registro divulgado pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Bolsonaro também toma café da manhã com representantes da bancada ruralista.
Essas reuniões ocorrem em meio a pressões por investigações sobre o “orçamento secreto”. O Palácio do Planalto tem segurado a liberação de recursos de emendas de relator indicadas por senadores, apurou o Broadcast/Estadão. Senadores cobram a abertura do cofre e reagem trancando a pauta do governo na Casa.
Última cotação do dólar
Na última sessão, terça-feira (06), o dólar encerrou em alta de 0,71%, negociado a R$ 5,48.
(Com informações do Estadão Conteúdo)