Dólar fecha em alta de 0,53%, a R$ 5,19, com tensão política e risco de calote no radar
O dólar fechou em alta de 0,53% nesta terça-feira (03), cotado a R$ 5,1927 na venda. A moeda brasileira perdeu valor e o clima de cautela ganhou espaço com as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o aumento da dívida dos precatórios, que chegou a R$ 90 bilhões e “extrapolou as possibilidades de nossas reservas”.
Às 15h09, o dólar subia 1,13%, cotado a R$ 5,2240. Na máxima, chegou a R$ 5,2750.
De acordo com Guedes, o Estado brasileiro não possui capacidade financeira para pagar todos os precatórios. O ministro chegou a brincar e dizer: “Devo, não nego; pagarei assim que puder”.
O montante de dívida dos precatórios ameaça as despesas do governo. A proposta de Guedes é um parcelamento de parte dessas dívidas, estendendo para um prazo de até dez anos os maiores valores. Enquanto dívidas de até R$ 66 mil seriam pagas em 2022.
Somou-se a isso o anúncio do governo sobre o aumento do Bolsa Família para R$ 400 por mês. O parcelamento dos precatórios servirá para acomodar o novo valor do programa social.
No exterior, permanece a preocupação com o aumento de casos da variante Delta do coronavírus. Mesmo assim, as bolsas de valores americanas vivem um dia de alta, impulsionadas pelos balanços do segundo trimestre.
Notícias que movimentaram o dólar hoje
Algumas notícias importantes que influenciaram o pregão:
- Dívida dos precatórios chega em R$ 90 bi, governo propõe parcelar;
- Tensão política aumenta incertezas e eleva o dólar;
- Reunião do Copom para definir Taxa Selic começa nesta terça.
“Devo, não nego; pagarei assim que puder”, disse Guedes.
Os precatórios somam um montante de R$ 90 bilhões devido pelo governo a empresas e pessoas físicas após sentença na Justiça. A data prévia para os pagamentos é em 2022. Porém, segundo o ministro Paulo Guedes, o governo não tem esse dinheiro.
A proposta da pasta da Economia é um parcelamento de parte dessas dívidas em até dez anos. Segundo Guedes, não se trata de um calote, mas sim de um adiamento.
O ministro defende a proposta de, em 2022, honrar de imediato os precatórios de até R$ 66 mil. O restante seria parcelado ou utilizado como crédito pelos detentores dos direitos. Para precatórios acima do valor de R$ 66 mil, haverá um regime especial de parcelamento em dez anos.
Somou a esse debate o fato do parcelamento dos precatórios servir para liberar dinheiro para o aumento do Bolsa Família, que o governo quer elevar para R$ 400 no próximo ano.
Para Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos, a impressão que fica é de que essa é uma forma de acomodar medidas populistas do presidente Jair Bolsonaro com a retirada de componentes importantes do teto de gastos: “Isso tende a elevar o risco fiscal e gestão da dívida pública“, afirmou.
Tensão política aumenta incertezas e eleva o dólar
Pela manhã, o dólar atingiu seu ponto alto após novos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, por causa das eleições.
Após a abertura de inquérito administrativo pelo TSE e o envio de notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro pelas declarações infundadas de fraude no sistema eleitoral e ameaça à realização das eleições, Bolsonaro respondeu nesta manhã:
“Não aceitarei intimidações, não serão admitidas eleições duvidosas no ano que vem; o Brasil mudou, não aceitarei intimidações; vou continuar exercendo meu direito de cidadão”; e voltou a dizer que “o povo tem que estar armado”.
Reunião do Copom para definir Taxa Selic começa nesta terça.
O Banco Central define amanhã (04) a taxa de juros para os próximos 45 dias. O mercado aposta em uma aceleração na alta da Selic em agosto, depois que a prévia da inflação deste mês veio acima da esperada.
A expectativa é de que a taxa tenha uma alta de 1 p.p., de 4,25% para 5,25% ao ano. Para o final do ano, a previsão do mercado financeiro é de uma Selic a 7%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
A taxa Selic mais gorda aumenta a atratividade da renda fixa brasileira e pode estimular os exportadores a internalizar mais recursos em dólar.
Fechamento do câmbio hoje
Além do dólar comercial, confira a cotação das principais moedas hoje:
- Dólar turismo: +0,51%, a R$ 5,193
- Peso: +0,53%, a R$ 0,054
- Euro: +0,49%, a R$ 6,161
- Libra: +0,7%, a R$ 7,226
- Bitcoin: -2,33%, a R$ 198.604,688
Cotação do dólar no dia anterior
Na segunda-feira (02), o dólar encerrou em queda de 0,86%, negociado a R$ 5,1653 na venda.