Dólar abre em queda, mas vira e fecha em alta de 0,57%, com risco fiscal no radar
Em mais um dia de volatilidade do mercado financeiro, o dólar fechou em alta de 0,57%, cotado a R$ 5,2156 A moeda abriu em forte queda e oscilou entre R$ 5,1113 e R$ 5,2261 nesta quinta-feira (5).
Às 10:16, o dólar recuava 1,20%, a R$ 5,1267 na venda, depois de chegar a cair 1,36% na mínima do dia.
O avanço do real frente à moeda dos Estados Unidos aconteceu em reflexo ao posicionamento mais agressivo do Banco Central na reunião do Copom da véspera. O Comitê elevou o valor da taxa Selic em 1% e com isso a atratividade da moeda brasileira aumentou frente suas similares estrangeiras.
Com isso, investidores anteciparam a possibilidade de maior atração de capital estrangeiro para o País, ainda mais com o Federal Reserve (Fed), dos EUA, e países europeus indicando continuidade de suas políticas monetárias de juros baixos e forte compra de títulos.
As preocupações fiscais não saíram do radar ao longo do dia. Com isso, o dólar virou e passou a subir. Às 15h, a moeda norte-americana estava em +0,51%, a R$ 5,2121.
O risco fiscal falou alto após o governo federal anunciar um novo Refis. O novo programa dará descontos fiscais às empresas afetadas pela pandemia, além de permitir o abatimento de dívidas daquelas que tiverem valor de precatórios a receber.
Notícias que movimentaram o dólar hoje
Algumas notícias importantes que influenciaram o pregão:
- Real é moeda mais valorizada entre emergentes ante dólar após Copom agressivo;
- Refis da Covid prevê perdão de até 90% em multas e juros e 100% nos encargos;
- Déficit comercial dos EUA sobe a US$ 75,7 bilhões em junho.
Real é moeda mais valorizada entre emergentes ante dólar após Copom agressivo
O real valorizou fortemente nesta quinta-feira (05) ante seus pares frente o dólar no exterior. A posição mais agressiva do Copom gerou expectativas de entrada de fluxo e redução de posições cambiais. “Com a alta de 1% da Selic e a indicação de nova alta do mesmo tamanho em setembro, a 6,25% ao ano, o mercado deve atrair fluxo”, disse Vanei Nagem, responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos.
Entre pares emergentes, o dólar caía 0,31% frente ao peso mexicano e 0,17% ante rublo. Enquanto subia 0,73% frente a lira turca e avançava 0,18% ante rand sul africano.
Nagem também alertou para os riscos que diminuem a valorização do real: “o pessimismo pode voltar porque os problemas político e fiscal internos persistem, limitando a atratividade do País”, comentou. E foi exatamente o que aconteceu nesta quinta.
Refis da Covid prevê perdão de até 90% em multas e juros e 100% nos encargos
O parecer sobre o projeto de lei que reabre o programa de parcelamento de débitos tributários – popularmente conhecido como Refis – prevê dar perdão de até 90% em multas e juros e de 100% nos encargos para dívidas contraídas até um mês antes da aprovação do programa para empresas e pessoas físicas.
Além disso, o saldo poderá ser parcelado em até 12 anos (144 meses), com parcelas reduzidas nos três primeiros anos. A adesão poderá ser feita até o dia 30 de setembro deste ano.
O parecer ainda estabelece que empresas e pessoas físicas que aderirem ao plano poderão utilizar precatórios federais próprios ou de terceiros para amortizar o saldo remanescente. Nesta semana, o ministro Paulo Guedes afirmou que o governo não tem caixa para pagar os R$ 90 bilhões devidos em precatórios no próximo ano.
Guedes propôs o parcelamento de dívidas maiores do que R$ 66 mil, em até 10 anos. Saldos menores do que esse, seriam quitados em 2022, de acordo com o ministro.
Déficit comercial dos EUA sobe a US$ 75,7 bilhões em junho
O déficit comercial dos Estados Unidos avançou de US$ 71,0 bilhões em maio (dado revisado nesta quinta-feira, 5, de US$ 71,24 bilhões antes calculados) a US$ 75,7 bilhões em junho, informou o Departamento do Comércio. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam US$ 74,2 bilhões.
O relatório informa que as exportações dos EUA ficaram em US$ 207,7 bilhões em junho, alta mensal de 0,6%. Já as importações cresceram 2,1%, a US$ 283,4 bilhões. O documento ressalta que a pandemia global de coronavírus e o quadro de recuperação afetaram o comércio internacional no período.
Fechamento do câmbio hoje
Além do dólar comercial, confira a cotação das principais moedas hoje:
- Dólar turismo: +0,75%, a R$ 5,383
- Peso argentino: +0,52%: a R$ 0,054
- Euro: +0,57%: a R$ 6,173
- Libra: +0,92%, a R$ 7,264
- Bitcoin: +4,32%, a R$ 213.660,63
Cotação do dólar no dia anterior
Na última sessão, quarta-feira (4), o dólar encerrou o pregão em queda de 0,13%, cotado a R$ 5,1858.