Dificilmente veremos dólar consolidado acima de R$ 5, diz economista-chefe da XP
No cenário atual, em meio aos Federal Reserve (Fed) mantendo juros em patamares historicamente altos e o Banco Central (BC) cortando a Selic, a XP enxerga um dólar em patamares próximos dos atuais.
Em coletiva com jornalistas nesta segunda-feira (4), o economista-chefe da XP, Caio Megale, destacou que dificilmente o dólar se manterá acima de R$ 5 no longo prazo.
“A balança comercial foi a grande surpresa recente. Nesse cenário, o dólar dificilmente se consolida acima de R$ 5. Entendemos que qualquer coisa entre R$ 4,50 e R$ 5 é um preço justo“, analisa.
Atualmente a projeção da XP para a cotação do dólar é de R$ 4,80 para o ano de 2024, ao passo que a moeda negocia a R$ 4,93 nesta segunda (4).
Megale acrescenta que “outros cenários são pouco prováveis” e que os riscos mais monitorados no ambiente macroeconômico são os preços do petróleo e dos grãos caírem intensamente – o que considera pouco provável.
Fiscal segue no radar
Megale ainda complementou que o ambiente fiscal continua uma preocupação relevante, apesar da redução de ruídos sobre esse tema entre do início do governo até o momento atual.
O economista-chefe da XP observa um ‘viés expansionista’ na política fiscal, o que mantém os analistas receosos.
“O que nos deixa cauteloso é o fiscal. O arcabouço foi apresentado, mas ele ainda é um modelo que permite aumento de despesas. Você ainda tem a questão do contingenciamento, que deve ficar em R$ 20 bilhões. Há um certo viés expansionista em termos de política fiscal“, explica.
Ainda assim, o especialista se mantém convicto sobre a trajetória de queda da taxa básica de juros, a Selic.
“O Banco Central tem muito espaço para cortar juros. Vemos mais quatro ou cinco cortes de 0,50 ponto percentual (p.p.). E destaco que, se não forem cortes de 0,50p.p., é mais provável que sejam maiores, de 0,75p.p., do que de 0,25p.p.”. afirma.
Mercado vê dólar a R$ 4,99 em 2023
O consenso do mercado financeiro projeta um dólar a R$ 4,99, conforme dados do Boletim Focus divulgado nesta segunda (4). Para os próximos dois anos, as projeções são de R$ 5,03 e R$ 5,10, respectivamente.