O que está acontecendo com o dólar? Moeda protagoniza fortes quedas e fecha abaixo dos R$ 5
Nos últimos dias, o dólar protagonizou fortes quedas e vem sendo negociado a menos de R$ 5, o que anima os brasileiros a comprarem a moeda norte-americana. Contudo, o que está ocorrendo no mercado para chegar a essa desvalorização? Nesta quinta (13), por exemplo, a moeda dos EUA fechou em queda de 0,31%, negociada a R$ 4,9262. A moeda terminou a sessão em baixa pelo terceiro dia consecutivo.
“Nossa interpretação é de que o mercado está reagindo à divulgação da inflação mensal em março, nos EUA, que veio abaixo da expectativa do mercado e pode ter efeito de encerrar o ciclo de contração nos EUA, com encerramento do período de alta de juros“, explica Caio Fasanella, head de investimentos da Nomad.
O especialista argumenta que a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, que veio abaixo da expectativa do mercado, também contribuiu para a queda do dólar.
“Apesar disso, na quarta (12), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou a investidores que o componente de demanda na inflação ainda está ‘relativamente forte’. Em evento nos Estados Unidos, Campos Neto reforçou as preocupações com as expectativas da inflação no Brasil”, destaca.
Por isso, acreditamos que esse movimento do dólar oferece uma boa oportunidade de compra da moeda, em patamares abaixo de R$ 5, especialmente para os clientes e investidores que possuem baixa ou nenhuma exposição a uma moeda forte como o dólar ou ativos internacionais.
“Reforçamos nossa visão de que vemos o dólar em alta no médio/longo prazo (ou seja, real desvalorizando) e volátil no curto prazo, em função de um cenário ainda incerto no Brasil em relação à política fiscal (e detalhamento do arcabouço, em especial sobre receitas) e consequentemente política monetária e os efeitos em inflação”, complementa Fasanella.
“Como a moeda está mais correlacionada, principalmente, aos dados de inflação nos EUA, com a inflação por lá arrefecendo, o dólar está se enfraquecendo no mundo todo, e não somente contra o real. Isso demonstra que os agentes estão colocando no preço uma possível recessão, mesmo que ‘soft landing’ no mercado americano. O real acabou performando melhor que as outras moedas, pois os estrangeiros voltaram a entrar na nossa bolsa, o que acelerou a queda do dólar para baixo dos R$ 5,00”, diz André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
“Devemos lembrar também que o dólar caiu no mundo todo, o que ajudou na valorização do real contra o dólar. Acreditamos que ele deve começar a trabalhar na faixa entre R$ 4,90 e R$ 5,10 (saindo da faixa antiga entre R$ 5,10 e R$ 5,30), caso não tenha nenhuma notícia que possa inverter o fluxo”, acrescenta Fernandes.
Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank, reforça que o noticiário encontra-se mais tranquilo nas últimas semanas, “com um pouco menos de pressão no Banco Central e um pouco mais de liberdade de fala do Haddad”.
“Desta forma, o que estamos acompanhando é uma trajetória de tendência, já esperada como consequência da soma desses e outros fatores do tipo. Outro ponto importante que está impactando nessa variação cambial do dólar é a questão do número dos contratos de vencimentos de opções, que já aumentaram mais um bilhão e meio, fazendo com que essa pressão em cima da moeda siga forte, em trajetória de queda”, complementa Perottoni.
Devo comprar dólar hoje?
De acordo com os especialistas ouvidos pelo Suno Notícias, para quem deseja comprar dólar, um bom parâmetro é monitorar o Boletim Focus. Sempre que a cotação estiver abaixo da previsão do boletim, significa que a moeda está “barata”. A previsão mais recente é de que a moeda chegue em R$ 5,25 no final do ano.
Atualmente, é possível efetuar essa operação diretamente pelo celular. Clique e confira mais detalhes sobre como comprar dólar no smartphone.
Enquanto o Focus trabalha com R$ 5,25, bancos como Itaú (ITUB4) e a XP Investimentos veem a taxa de câmbio na casa dos R$ 5,30 no final de 2023.
“A nosso ver, a incerteza fiscal e os ruídos políticos sobre o quadro fiscal pesam sobre a taxa de câmbio, evitando a valorização que seria esperada pela balança comercial positiva e pelos preços de commodities favoráveis”, complementam os especialistas da XP Caio Megale, Rodolfo Margato e Tiago Sbardelotto ao analisarem os rumos do dólar.