O que esperar do dólar em 2023? Na quinta (2), a moeda ficou abaixo dos R$ 5 por alguns instantes, o que animou agentes econômicos e pessoas físicas. Contudo, na visão dos especialistas, a cotação deve ficar entre R$ 5,10 e R$ 5,20 ao longo do ano em meio a um cenário bagunçado por incertezas internas – mas boas novas externas podem melhorar o quadro.
Ao Suno Notícias, economistas apontam dois fatores externos que influenciam diretamente a cotação do dólar nos últimos dias: a política monetária norte-americana e a reabertura da China.
“Essa percepção de que, em algum momento, o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) termina o ciclo de alta de juros entre março e maio, obviamente o mercado antecipa. Então, já vemos um segundo momento no qual o Fed vai cortar juros. Isso faz com que as curvas de juros americanos fiquem com um desenho mais altas no curto prazo, mas mais baixas no longo prazo, o que favorece um enfraquecimento do dólar“, explica Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.
Na quarta (1º), o Fed elevou a taxa básica de juros nos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual. Em dezembro de 2022, a alta tinha tinha sido de 0,50 ponto percentual.
“O dólar já estava em tendência de desaceleração, perdendo força, continuou desacelerando, perdendo ritmo frente às principais moedas. Provavelmente, a baixa do dólar é reflexo da percepção do mercado de que a política monetária já está chegando perto do teto de aperto”, completa Costa.
Em uma economia globalizada, a moeda americana também é afetada pela reabertura econômica da China, que está sendo mais rápida do que o projetado inicialmente.
“O cenário internacional foi mudando um pouquinho, até com a retomada da China e o aumento dos preços das commodities, o que foi arrefecendo o dólar”, ressalta Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Dólar vai subir por causa do Lula?
No âmbito interno, os posicionamentos econômicos da gestão Lula também fomentaram oscilações no dólar.
“Tivemos uma puxada do dólar com as falas do presidente Lula, principalmente sobre as alíquotas do imposto de renda e a moeda única Brasil e Argentina. Isso puxou o dólar para o patamar em torno de R$ 5,20, R$ 5,25″, recorda Velloni.
Enquanto a Pec da Transição assustou os agentes econômicos no final do ano passado, as atuais discussões sobre o arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos e a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% já começaram a trazer um certo alívio.
“Os sinais fiscais, que eram ruins na virada do ano, ficaram um pouco melhores. Acho que isso diminuiu um pouco o prêmio da parte fiscal em torno do câmbio“, destaca Costa, que alerta:
O que mais cria uma força contrária a essa apreciação global que, teoricamente, as moedas estão tendo frente ao dólar, é exatamente a questão fiscal.
“O cenário deu uma arrefecida com a fala do [Fernando] Haddad sobre a volta do imposto dos combustíveis e tudo ainda que move arrecadação a cobrir o rombo do déficit publico. O mercado vê com bons olhos e acaba tirando um pouco de pressão em cima do dólar”, acredita Velloni.
Dólar em 2023: O que esperar?
Feitas as ressalvas necessárias para o exercício de “futurologia” do dólar, Costa ressalta que com o cenário global mais favorável e a diminuição do risco fiscal, o dólar deve ficar em torno dos R$ 5,10 – R$ 5,20.
Não descartamos em algum momento ao longo dos primeiro semestre, principalmente a partir de março e abril, o dólar abaixo dos R$ 5 quando você tem uma sazonalidade muito positiva por causa da safra agrícola.
Para Velloni, o teto do dólar deve ficar na casa dos R$ 5,20: “É um teto que gira em torno disso quando você tem esses picos de volatilidade com uma notícia não tão favorável que sai”.