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Dólar vai seguir abaixo de R$ 6? Veja os fatores que levaram à queda

Dólar. Foto:Pexels.

Dólar. Foto:Pexels.

Após uma alta de mais de 27% em 2024, o dólar vem acumulando quedas expressivas diante do real nas últimas semanas. A moeda norte-americana encerrou o último pregão do ano passado perto da casa dos R$ 6,20. Um mês depois, no fechamento desta quinta-feira (30), a divisa está sendo negociada em R$ 5,85. 

A alta da moeda norte-americana foi um dos principais temas discutidos pelo mercado financeiro no final de 2024. Para este ano, as projeções eram pouco otimistas. Como mostramos aqui no Suno Notícias, diversas instituições financeiras e casas de análise revisaram para cima as estimativas para a cotação do dólar.

O recuo da divisa nas últimas semanas trouxe dúvidas em relação ao futuro da cotação do dólar. No entanto, é importante ressaltar que uma série de fatores contribuíram para o cenário atual e que isso não representa, necessariamente, uma tendência de longo prazo.

Por que o dólar caiu?

A variação negativa da moeda norte-americana ocorre em um momento marcado por importantes fatores no Brasil e no exterior. 

No cenário interno, a decisão de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é um dos destaques. Na última quarta-feira (29), a autoridade monetária elevou a taxa básica de juros brasileira em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, maior patamar desde setembro de 2023. 

“O movimento de queda do dólar está diretamente ligado ao aumento da taxa de juros no Brasil, que atrai investidores estrangeiros interessados no carry trade. Ou seja, retiram capital dos Estados Unidos para aplicar no Brasil e aproveitar os rendimentos mais elevados decorrentes da elevação da taxa de juros”, explica Leonardo Santana, especialista em macroeconomia e sócio da Top Gain.

Além disso, de acordo com Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP®️ e especialista em investimentos, a postura do Banco Central ao implementar medidas para conter a volatilidade cambial, com intervenções no mercado de câmbio, ajudou a estabilizar o real e evitar movimentações abruptas no câmbio.

Já no cenário externo, as movimentações recentes de política comercial dos Estados Unidos, após a posse de Donald Trump, contribuíram para a diminuição da aversão ao risco dos mercados globais. Na semana passada, o mandatário norte-americano declarou que conversou com Xi Jinping, presidente da China, e que acredita que pode chegar a um acordo comercial com o país asiático. 

“administração do presidente Donald Trump adotou uma postura mais amena em relação às tarifas de importação, especialmente contra a China. Essa abordagem menos agressiva reduziu a aversão ao risco nos mercados globais, resultando em um enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas, incluindo o real”, explica Patzlaff.

A moeda norte-americana vai continuar caindo?

Apesar da variação negativa da moeda norte-americana nas últimas semanas, os especialistas alertam que a divisa deve permanecer em patamares elevados no longo prazo. Para o sócio da Top Gain, o dólar deve seguir em queda no curto e no médio prazo. No entanto, o cenário pode mudar no longo prazo. 

“Atualmente, o dólar chegou a R$ 6,30 e agora recua abaixo dos R$ 6,00, podendo atingir R$ 5,70 no curto prazo. No entanto, a tendência de longo prazo ainda é de alta, a menos que haja uma mudança estrutural na política fiscal, garantindo maior previsibilidade econômica”, explica ele. 

Além das incertezas internas, Patzlaff ressalta ainda que possíveis aumentos nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) podem fortalecer o dólar globalmente, pressionando ainda mais o real. 

“A soma destes fatores gera muitas possibilidades. Mesmo assim, acredito em um dólar acima dos R$ 6,00, enquanto o governo não sinalizar que vai arrumar a casa com a contenção de despesas tão necessária”, avalia o planejador financeiro.

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