Dividendos da Taesa (TAEE11) em risco? Analistas veem dificuldade para o crescimento e alavancagem após 4T23
A Taesa (TAEE11) registrou lucro líquido regulatório de R$ 301,1 milhões no quarto trimestre de 2023 (4T23). Para os analistas, o resultado veio abaixo das expectativas, com um aumento de 15% em relação aos custos e despesas.
“Alguns fatores continuam nos preocupando com relação ao futuro da companhia, principalmente pelo fato de como a companhia pretende crescer sua receita de forma financeiramente saudável”, explica a Genial.
Atualmente, a Taesa é a mais alavancada dentre os pares (3,7x Dívida Líquida/Ebitda), além de ser a que possui o menor número de projetos em construção, com menor prazo de concessão médio e, por fim, tem 60% da receita atrelada ao IGP-M.
Por esse motivo, o Itaú BBA projeta dividendos da Taesa mais fracos para 2025 em comparação com os anos anteriores, dada o impacto negativo do IGP-M nos resultados do IFRS, a alavancagem da empresa e os significativos desembolsos de capex para projetos em construção.
“Esperamos que a alavancagem da Taesa permaneça alta nos próximos anos (4x Dívida Líquida/Ebitda), dada a grande quantidade de capex a ser implementada para os projetos em construção”, diz o BBA, que recomenda venda das ações, com preço-alvo de R$ 35,95.
Segundo os analistas, a preocupação está nos próximos passos da empresa. No caso, desalavancar primeiro para abrir espaço para novos projetos, o que aumentaria a receita – ou adquirir novos projetos, o que também aumentaria a receita, mas seguida por um maior endividamento. Em ambas as situações, a empresa enfrentaria desafios, aponta a Genial.
“Uma das possibilidades para a Taesa seria diminuir o fluxo de pagamento de dividendos da Taesa para acelerar o processo de desalavancagem e abrir espaço para entrada de novos projetos, uma vez que quando adquiridos, os novos projetos demoram cerca de 3/4 anos para começarem à gerar receita”, explica a Research.
A Genial afirma que a empresa está negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 7,7% em termos reais, contra 5,89% das NTN-Bs 2045. A decisão da casa é manter os papéis da Taesa, com preço-alvo de R$ 35.
Taesa: BTG e Safra recomendam venda das ações
Para o BTG, o resultado da Taesa no quarto trimestre de 2023 (4T23) veio em linha com as estimativas, mas o banco mantém a classificação de venda para a Taesa, pois vê o nome sendo negociado a um TIR real pouco atraente de 7,2%, um dos mais baixos da cobertura, além de avaliar que existem nomes mais baratos e dividend yields ainda melhores no setor.
Por sua vez, o Safra avalia que os resultados ficam ligeiramente abaixo das expectativas,principalmente devido a menores receitas e maiores despesas. As receitas líquidas aumentaram 6,2% em relação ao ano anterior, impulsionadas por ajustes contratuais para inflação IPCA, início parcial do projeto Saira e operações das novas fases da unidade Sant’Ana, entre outros. As despesas operacionais recorrentes aumentaram 22,2% na base anual, principalmente devido ao início de novos projetos.
“Observamos que a Taesa opera com uma posição de alavancagem relativamente alta, apesar de não ter cláusulas de covenants em seus acordos de dívida. Acreditamos que a empresa deve propor pagamentos mais baixos no futuro se novos investimentos ou aquisições forem anunciados”, avalia o Safra.
Os analistas também veem que a política de dividendos da Taesa estabelece um payout mínimo de 50%, portanto, uma redução efetiva no payout não seria bem recebida pelos investidores. Dessa forma, o Safra recomenda venda das ações, com preço-alvo de R$ 31,80.
Lucro regulatório tem queda de 22,2% no 4T23
A Taesa registrou lucro líquido regulatório de R$ 301,1 milhões no quarto trimestre de 2023, o que representa alta de 22,2% ante o mesmo intervalo em 2022. Pelo critério IFRS, a transmissora de energia reportou salto de R$ 22 milhões para R$ 481,7 milhões – uma disparada de 2.001,2% entre o quarto trimestre de 2022 e o de 2023.
O mercado esperava que o lucro da Taesa fechasse em R$ 469 milhões no período, pelo IFRS, segundo o consenso Bloomberg.
Segundo o balanço da Taesa, a companhia anotou um crescimento anual de 4,3% no lucro líquido regulatório – que reflete a geração de caixa da companhia e segue padrões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) -, registrando R$ 1,09 bilhão em 2023. Em 2022, esse número foi de R$ 1,04 bi.
Já o lucro IFRS do acumulado do ano passado chegou a R$ 1,367 bilhão, retração de 5,6% em comparação ao reportado em 2022.
A receita líquida regulatória subiu 9% e o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 8,5% no acumulado de 2023, chegando a R$ 2,4 bilhões e R$ 2,0 bilhões, respectivamente. A margem Ebitda, diz a empresa, ficou 84,1% (-0,4 pp contra 2022).
O Ebitda regulatório da Taesa no 4T23 totalizou R$ 484,2 milhões, aumento anual de 4,2%. A margem Ebitda ficou em 81,8% no trimestre (-1,5pp contra o 4T22) – afetada, segundo a companhia, “principalmente pelo reajuste negativo do IGPM para o ciclo da RAP 2023-2024 nos contratos de categoria 2 e pela redução de 50% da RAP (Receita Anual Permitida) da concessão ATE III.”
Despesas e dívida da Taesa
A companhia apurou aumento de 20,5% nas despesas financeiras líquidas entre o 4T23 e o 4T22, para R$ 196,3 milhões, resultado basicamente da alta do volume médio da dívida, compensado em parte pelo menor IPCA e CDI observados entre os períodos comparados.
Em 31 de dezembro de 2023, a dívida bruta da companhia era R$ 9,8 bilhões, avanço de 3,1% contra o trimestre imediatamente anterior. O caixa da companhia ficou em R$ 1,3 bilhão (redução de 1,3% versus 3T23), resultando em uma dívida líquida de R$ 8,5 bilhões (aumento de 3,8% no trimestre).
“A relação da dívida líquida/EBITDA da Taesa, consolidando proporcionalmente as empresas controladas em conjunto e coligadas, se manteve em 3,7x (em linha com o 3T23 e com o 4T22)”, diz a elétrica.
Taesa propõe dividendos
O Conselho de Administração da Taesa aprovou a proposta de destinação do lucro do exercício de 2023, que será submetida para aprovação da Assembleia de Acionistas e inclui R$ 329,3 milhões em dividendos intercalares e R$ 416,7 milhões (R$ 1,21/Unit) em Juros sobre Capital Próprio (JCP). A companhia propõe R$ 390,3 milhões em dividendos adicionais a serem pagos em maio de 2024.
Desempenho anual das ações da Taesa
Cotação TAEE11