A Petrobras (PETR4) está disposta a ajudar o governo a conter o preços dos combustíveis, mas não com subsídios. A empresa comunicou a antecipação do pagamento de R$ 32 bilhões em dividendos a seus acionistas.
Embora o dinheiro vá para os investidores da estatal, a maior beneficiada será a União, sócia majoritária da Petrobras, que receberá R$ 15,4 bilhões. Além disso, a estatal trabalha com o Ministério de Minas e Energia (MME) para criar um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis.
A ideia consiste em aliviar os bolsos dos consumidores com o dinheiro do fundo, já que são eles que estão pagando cada vez mais caro pelos produtos da petrolífera, à medida que a cotação do petróleo dispara no exterior.
O incômodo do governo com a política de preços da petrolífera derrubou Roberto Castello Branco da presidência da estatal. Seu sucessor, Joaquim Silva e Luna, assumiu o cargo com a incumbência de atenuar os efeitos da valorização dos combustíveis no orçamento das famílias e, ao mesmo tempo, garantir o retorno financeiro aos acionistas.
Proposta do vale-gás
Diante da persistência da alta dos preços, o presidente Jair Bolsonaro voltou a se manifestar sobre a Petrobras nos últimos dias. Ele disse estudar com a empresa a criação de um vale-gás.
“A Petrobras terá um fundo de R$ 3 bilhões para um vale-gás. A proposta está bem avançada. A ideia é dar um botijão de gás a cada dois meses para o pessoal do Bolsa Família”, disse Bolsonaro a uma rádio do Rio Grande do Norte, na última quarta-feira (04).
Entretanto, a Petrobras nega a criação de tal subsídio. A empresa disse que, ao menos por enquanto, está ajudando apenas com ideias, que poderão ser usadas na definição do fundo de estabilização dos preços, segundo o diretor de comercialização e logística da estatal, Claudio Mastella.
Indiretamente, no entanto, a estatal já está ajudando o governo. Neste mês, a companhia vai pagar antecipadamente uma parcela dos R$ 11,6 bilhões em dividendos destinados à União pelo resultado do fechamento de 2021.
Considerando outras parcelas já pagas, o Tesouro vai ficar com R$ 15,4 bilhões de retorno pelo controle da Petrobras. Trata-se da maior distribuição de dividendos pela estatal desde 2018.
Mercado reage aos dividendos da Petrobras
A antecipação dos dividendos foi bem recebida pelo mercado, que viu na medida a melhor solução para evitar possíveis intervenções políticas na gestão da empresa, com objetivo de baixar os preços dos combustíveis.
“O Fundo Brasil se soma aos resultados que a União tem direito, por recursos de privatizações e de venda de imóveis públicos, alinhando o interesse da Petrobras, de minoritários e controlador”, disse o UBS, em relatório. O Fundo Brasil é uma proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, para pagar precatórios e benefícios sociais.
Entretanto, ainda não esta definido se o fundo de estabilização dos preços dos combustíveis terá relação com o Fundo Brasil. De qualquer forma, a ideia de utilizar os ganhos com as estatais para solucionar lacunas econômicas agrada o mercado.
O Bradesco BBI avaliou que a “Petrobras deve se tornar uma poderosa e sustentável pagadora de dividendos”. Em relatório, o banco disse que os proventos podem aumentar nos próximos dez anos.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.