Dividendos da Petrobras (PETR4) de R$ 31 bilhões “roubam o show” no balanço do 1T22

Ontem (5) a Petrobras (PETR4) divulgou os seus resultados do 1T22 e apresentou um lucro 38 vezes maior do que o registrado no período de janeiro a março de 2022. Segundo o balanço da petroleira, o lucro líquido deste ano chegou a R$ 44,56 bilhões frente o montante de R$ 1,16 bilhão do ano passado.

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Embora o lucro da petroleira tenha sido forte e acima do esperado pelo mercado – o consenso Refinitiv esperava R$ 37,16 bilhões -, o que brilhou os olhos dos investidores foram os dividendos da Petrobras.

O lucro robusto da estatal, com forte geração de caixa, permitiu que a empresa anunciasse mais uma forte rodada de distribuição de dividendos. O valor aprovado pela Petrobras foi de R$ 3,72 por ação, equivalente a 11,3% de dividend yield sobre as ações PETR4.

Para a XP Investimentos, os dividendos estão proporcionando aos investidores um bom retorno total das ações, porém, os ruídos políticos em torno do preço dos combustíveis mantém o valor das ações reprimido. O Itaú BBA também destaca que o desconto nas ações da Petrobras em relação aos seus pares globais se dá pelo período eleitoral no Brasil, que tem no preço dos combustíveis uma das principais pautas da campanha dos candidatos.

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Resultados bons, mas dividendos melhores ainda

“Este é mais um trimestre em que resultados muito sólidos são ofuscados por um significativo anúncio de dividendos”, diz o relatório do banco UBS. Os analistas destacam que o risco/retorno da Petrobras se mostra vantajoso quando se observa que as ações estão em mínimos históricos, enquanto os pagamentos de dividendos estão tão altos.

Considerando a geração de caixa dos últimos meses, com o previsto para os próximos trimestres, o UBS calcula um pagamento de dividend yield de 40% em 2022. Já o Goldman Sachs calcula que o retorno será por volta de 38% no ano.

Neste primeiro trimestre, a Petrobras vai pagar R$ 31 bilhões em dividendos aos acionistas minoritários, enquanto o governo deverá receber R$ 87 bilhões em impostos e proventos relacionados ao trimestre. Para os analistas do Itaú BBA, trata-se de um “show de dividendos”, com um payout acima do esperado por eles.

Ainda assim, o BBA também sinaliza esperar novas distribuições “substanciais” nos próximos trimestres.

Operações da Petrobras. Foto: Agência Petrobras
Operações da Petrobras. Foto: Agência Petrobras

Forte operacional da Petrobras no 1T22

Para entregar dividendos excepcionais, a Petrobras registrou bons números operacionais no período de janeiro a março de 2022. Em relatório, o UBS aponta os números sólidos de exploração e produção (E&P), impulsionados pelo aumento no preço da cotação do petróleo Brent.

Com isso, o fluxo de caixa livre da Petrobras totalizou R$ 40,4 bilhões no 1T22, expansão 30,2% na comparação anual, e conseguiu uma redução na dívida líquida que melhorou o resultado financeiro. A petroleira também faturou US$ 1,7 bilhão em desinvestimentos.

Para a XP, o lucro operacional da Petrobras, medido pelo Ebitda, foi um destaque, superando em 14% as estimativas da corretora e 10% acima do consenso de mercado. O Ebitda ajustado atingiu R$ 78,2 bilhões no 1T22, devido ao maior efeito positivo do giro de estoque entre os trimestres.

Na parte de refino, o UBS aponta que os resultados foram particularmente sólidos quando comparado com outros dois gigantes do setor de óleo & gás, Chevron e Exxon, que apresentaram lucros mais suaves no segmento.

Para os analistas André Vidal e Thales Carmo, que assinam o relatório da XP, esse foi mais um trimestre com margens saudável e geração de caixa robusto para a Petrobras.

Recomendações para as ações ON (PETR3) e PN (PETR4)

A XP avalia que as ações da Petrobras estão negociando a um múltiplo de 2,3 vezes o valor de mercado pelo lucro operacional (EV/Ebitda) e reforçam a recomendação de compra, com preço alvo de R$ 47,80 para as ações ON e PN.

Já o UBS tem um preço-alvo maior para os papéis da estatal, de R$ 44,00 para as ações PETR3 e PETR4. Já para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras, o valor estimado é de US$ 17,00. Todas com recomendação de compra.

O Goldman Sachs também reitera sua recomendação de compra e indica que tem como base o pagamento de dividendos da Petrobras. O preço-alvo para os recibos é de US$ 14,40, já para as ações ON é de R$ 40,90 e as ações PN de R$ 37,40.

Por fim, o BBA também tem avaliação outperform, equivalente a compra, com preço-alvo para as ações preferenciais da Petrobras de R$ 38,00.

Monique Lima

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