Para aumentar o risco de forma gradual, mas sem abandonar a carteira defensiva de dividendos, a Genial Investimentos trocou a Engie (EGIE3) pela B3 (B3SA3) na primeira lista de recomendações do ano.
A corretora trocou uma empresa com receita garantida, boa pagadora de dividendos, inclusive, por uma com maior concentração no setor financeiro – mesmo diante das oscilações e incertezas que esse segmento traz para o investidor no longo prazo.
A Genial explica que a troca da Engie pela B3 na carteira de dividendos se deve ao fato de reduzir a exposição ao setor elétrico, mesmo reconhecendo sua motivação para proteção de carteira. Segundo os analistas, o propósito, pelo menos nesse momento, é incluir ativos que possam se favorecer de juros mais baixos ou ações que sofreram com desempenho mais fraco.
A dona da Bolsa brasileira, por exemplo, apresentou uma baixa de 2,55% nas ações nos últimos seis meses, de acordo com dados do Status Invest,
Em relatório publicado nesta quarta-feira (3), a corretora explica ainda que o fato de ter rebaixado a recomendação da Engie recentemente, de ‘manter’ para ‘venda’, após a anúncio da venda de fatia na empresa de logística TAG, também pesou na decisão.
Em dezembro, a carteira de dividendos da Genial teve alta de 4,5%, abaixo do Ibovespa, principal índice da B3, que teve elevação de 5,4% no período. Porém, desde o lançamento da carteira, em março do ano passado, o ganho acumulado é de 26,1%.
Dividendos: risco para a Petrobras (PETR4)
Na avalição da corretora, a Petrobras (PETR4) tem apresentado uma política de preços muito aderente à paridade de importação, o que demostra clareza nas premissas de rentabilidade esperada dos projetos nos seus múltiplos segmentos de atuação. A estatal possui uma sólida em geração de caixa e está sendo negociada a um múltiplo de 3,0x EV/EBITDA para 2024, um fluxo de caixa livre de 16% e um rendimento em dividendos de 7,9% para 2024.
“Embora os números sejam atraentes, os ruídos políticos podem atrapalhar o desempenho, o que mantém a margem de segurança limitada para uma exposição maior”, explica o analista Ygor Bastos.
Eletrobras (ELET3) deve impressionar em 2024
Apesar da recente alta da ação da Eletrobras em dezembro, a corretora vê potencial significativo de valorização para o papel, uma vez que está sendo negociado a apenas 0,8x do valor patrimonial, em comparação com as principais empresas privadas do setor que estão cotadas a 2x do valor patrimonial. Segundo o analista, o dividend yield projetado para 2024 é superior a 5%, aumentando a média que o retorno sobre o capital investido cresce.
Genial prefere Itaú (ITUB4) ao Banco do Brasil (BBAS3)
No setor financeiro, a Genial prefere Itaú (ITUB4), em detrimento ao Banco do Brasil (BBAS3). A justificativa é um reequilíbrio entre os bancos: o controlado pela família Setúbal está sendo negociado com um valuation interessante, de 7,5x preço/lucro, diz a Genial, proporcionando uma rentabilidade (ROE) atrativa acima de 20%.
Só para ter uma ideia da escolha, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) negociam a um P/L de 4,0x para 2024 e um preço por valor de patrimonial (P/VP) de 0,87x em 2023.
Vale (VALE3) e JBS (JBSS3) descontadas
Na tentativa de surfar nos gatilhos de curto prazo, as empresas de mineração e alimentos devem se beneficiar do cenário no curto prazo. No caso da Vale (VALE3), apesar do bom desempenho em dezembro, a corretora ainda enxerga uma divergência entre o patamar de preço do minério de ferro e a cotação das ações.
Por outro lado, a JBS (JBSS3), que não teve um desempenho bom recentemente, deve retomar gradativamente a consistência das suas operações, diante da normalização das dinâmicas de oferta e demanda de frango. Outra iniciativa a ser considerada é a dupla listagem das ações, que deve ajudar na valorização da empresa no curto prazo. Atualmente, a companhia opera com um múltiplo EV/EBITDA de 5,2x para 2024, abaixo da média histórica, de acordo com a Genial.
Taesa (TAEE11) e Auren (AURE3): boas pagadoras de dividendos
As elétricas, que devem se beneficiar de reajustes pela inflação, são destaques na carteira da Genial, uma vez que, com receita maior, o pagamento de dividendos também deve aumentar.
A Taesa deve apresentar uma melhoria na geração de caixa, favorecido pelo avanço do IGP-M ao longo deste ano. Com isso, há uma expectativa quanto ao anúncio de novos dividendos, que deverão ser impulsionados pelos resultados financeiros de 2023.
A Auren possui um portfólio contratado superior a 70% até 2027, o que garante preços que fornecem uma margem de conforto para lidar com o cenário hidrológico atual. Na visão da corretora, essa posição sólida abre a possibilidade para a distribuição de dividendos extraordinários, especialmente se não surgirem novos projetos para investimento.
BB Seguridade (BBSE3) e Vivo (VIVT3) abaixo da média histórica
Com um histórico sólido, apesar das quedas nas taxas de juros, a perspectiva para os próximos períodos permanece otimista para os dividendos da BB Seguridade (BBSE3), já que a empresa está sendo negociada abaixo da média histórica, com um P/L de 7,9% para 2024.
Por fim, a Vivo (VIVT3) deve se beneficiar de um ambiente favorável para o setor de telecomunicações. Com baixo nível de endividamento e forte geração de caixa, a empresa anunciou recentemente dividendos extraordinários de R$ 1,5 bilhão. Com isso, a expectativa da corretora é que o dividend yield seja de 11% a 12% para 2024.
*Com Leandro Tavares