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Empresas reduzem pagamentos de dividendos em 31% este ano, mostra levantamento

VGIA11 divulga novos dividendos

Dividendos do VGIA11. Foto: iStock

As empresas brasileiras estão pagando menos dividendos este ano e mantendo mais dinheiro em caixa, tendências que ganharam força por causa do aumento de incertezas locais e externas, em meio aos juros altos no mundo, perspectiva de mudanças com a reforma tributária e piora da geopolítica, com duas guerras em curso. Nos primeiros dez meses do ano, a queda na distribuição de proventos foi de 31% em relação ao mesmo período de 2022, mostra estudo da plataforma Meu Dividendo apresentados nesta terça-feira, 24, à imprensa.

Inicialmente se imaginava que a distribuição de dividendos fosse ser forte este ano, talvez a maior da história, mas na prática não é o que vem acontecendo. Após um mês de janeiro com pagamentos recordes, de valores anunciados em 2022, as empresas foram mês a mês diminuindo a distribuição, em meio a piora do cenário e da cautela gerada pela escândalo envolvendo a Americanas e depois a Light.

“O mercado de dividendos está em transformação este ano”, afirma Wendell Finotti, fundador e CEO da plataforma, a primeira do Brasil que antecipa o pagamento de dividendos e, em 10 meses de existência, chegou a 3 mil usuários pessoas físicas. “Na incerteza as empresas preferem manter recursos em caixa”, ressalta o executivo, ele mesmo um investidor no mercado de ações há mais de 10 anos.

Uma das estratégias para ter dinheiro em caixa é aumentar o prazo entre o anúncio da distribuição do provento e o efetivo recebimento do recurso pelo acionista, que tem se alongado este ano. Ou seja, as empresas começam a segurar o pagamento do dividendo por um período maior. Em outubro, a média para pagamento foi de 117 dias – o prazo mais longo dos últimos 6 anos, mostra levantamento do Meu Dividendo. No mesmo mês de 2022, eram 58 dias e de 2021 eram 49.

Na média, este ano, o prazo para pagamento do dividendo está em 67 dias, acima dos 55 de 2022 e dos 63 de 2021, ano ainda marcado pelas paralisações da pandemia e, consequentemente, pela maior incerteza. Na pandemia, o prazo começou a se alongar, mas foi sendo reduzido em seguida. Este ano, ressalta Finotti, voltou a aumentar.

Reforma tributária

Os meses de discussões da reforma tributária, agora no Senado, também tiveram impacto na estratégia das empresas, ressalta Finotti. Primeiro veio o debate sobre tributar ou não os dividendos. Depois veio a discussão sobre acabar ou não com o Juros sobre Capital Próprio (JCP), outra modalidade de distribuir proventos, uma forma de elevar a arrecadação.

Outro fator foi a desaceleração da economia da China, que afeta diretamente os resultados da Vale, por conta da menor compra de minério pelo país asiático, destaca o executivo. Com isso, a Vale distribuiu menos proventos este ano.

Na B3, apenas sete setores respondem por 85% dos dividendos que são pagos. São eles, bancos, seguros, siderurgia, elétricas, telecomunicação, petróleo (exploração, refino e distribuição).

Do Banco do Brasil (BBAS3) à B3 (B3SA3): quais bancos e instituições financeiras aumentarão dividendos em 2024?

Segundo as projeções da XP, somente alguns players dentre bancos e instituições financeiras devem aumentar seu patamar de distribuição de dividendos em 2024.

A casa espera que players como o Banco do Brasil (BBAS3) mostrem certa estabilidade nos dividendos, mantendo o dividend yield (DY) na casa dos 10%.

Por outro lado, o Bradesco (BBDC4) deve mostrar 4,7% de dividend yield no ano que vem, reduzindo seu patamar atual na casa dos 6%.

Segundo os especialistas, Santander (SANB11)Itaú (ITUB4) e B3 (B3SA3) devem aumentar suas distribuições de proventos.

No caso do Santander, a expectativa é de que o banco salte de 1,7% para 3,5% em termos de yield. Enquanto isso o Itaú deve elevar de 3,2% para 5,1%.

Por fim, a B3 deve aumentar seus dividendos para um yield de 7,4%, ao passo que as ações ficam na casa dos 5% de yield no momento atual.

Outros bancos digitais e fintechs devem seguir sem pagar proventos aos seus acionistas, incluindo Nubank (ROXO34), Inter (INBR32) e Méliuz (CASH3).

“A primeira das quatro aspirações do Santander é ser o maior banco no Brasil em geração de valor aos acionistas. Em linha com esse objetivo, o Santander pretende remunerar seus acionistas com a distribuição de 50% de seu lucro líquido anual, ajustado e apurado de acordo com as normas brasileiras contábeis”, diz a casa sobre o Santander.

“Tal percentual é superior ao mínimo determinado pela legislação, que são 25% dos ganhos. Tendo isso em mente, projetamos para o final de 2023 um payout de 50% e dividend yield de 4%”, completa

Já o Itaú figura como o ‘banco favorito’ dos analistas da casa.

Segundo a XP, o Itaú tem grandes vantagens ao ‘combinar o cíclico e estrutural e aproveitar o melhor dos dois mundo’.

“Com isso, mantemos uma perspectiva positiva para as perspectivas da empresa, e seu valuation abaixo da média histórica reforça nossa convicção de que se trata da nossa preferência no setor”, disseram os especialistas em um relatório recente.

Banco do Brasil seguirá com dividendos na casa dos 10%

Conforme as projeções da casa, os dividendos do Banco do Brasil devem somar 10,4% de dividend yield (DY) em 2024.

Atualmente, conforme dados do Status Invest, as ações BBAS3 mostram um DY de 9,8%.

Isso porque as ações do Banco do Brasil deram direito a R$ 4,5951 em proventos por ação no acumulado dos últimos 12 meses.

“Nas ações do setor bancário é muito comum vermos pagamentos de dividendos e JCP expressivos como forma de remunerar o acionista. Para as ações do Banco do Brasil, essa dinâmica se mantém”, diz a XP.

“No início do ano a companhia divulgou que irá distribuir 40% do seu lucro através do payout, remunerando seus acionista pelo pagamento de dividendos e/ou JCP. Para 2023, projetamos um payout ainda maior de 45% podendo atingir 12% de dividend yield”, completa.

Com Estadão Conteúdo

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