O dividend yield é um importante indicador para o investidor que busca ativos para formar uma carteira de renda passiva. Indica o quanto aquele investimento gerou de retorno em relação ao seu preço atual. No entanto, analistas dizem que ele não pode ser encarado como o principal atributo para a escolha de um ativo.
Para deixar tudo bem claro, o yield – o rendimento – de um investimento não é apenas um elemento importante de um ativo, é sua própria razão de existir. Mas estamos falando que o contexto geral é que mais importa.
Explicando o yield de forma rápida, é o termo em inglês para ‘rendimento’ de um ativo, pode ser uma ação, fundo imobiliário ou até títulos de renda fixa, ou seja, o retorno que se recebe sobre um investimento, a diferença entre o valor investido e o que realmente retorna, em forma de lucro.
Por exemplo, se eu verifico uma ação que paga 20% de dividend yield, e ela custa R$ 10 no mercado, pagou R$ 2 em dividendos no último ano. Dividendos são a parcela do lucro da empresa que é pago aos acionistas.
Atenção aos detalhes do Yield
Olhar para um ativo na vitrine e ver um yield de 20% é tentador, afinal, qual investimento que paga 20% em um ano? No entanto, o analista CNPI da Suno Research, João Daronco, aponta que olhar para esse número isoladamente pode causar diversas distorções.
“A primeira coisa a se saber é que o dividend yield é um evento passado, ou seja, ele diz quanto aquele ativo pagou nos últimos 12 meses, não indica quanto pagará nos próximos. Sendo assim, o passado pode não se repetir”, alerta.
Segundo Daronco, o indicador sozinho não diz muita coisa – ele precisa ser analisado em um contexto geral na hora de escolher onde colocar o seu dinheiro.
“Precisa olhar para outros números, como o payout da empresa, que é o quanto ela gerou de lucro ao longo do exercício e quanto desse lucro ela pagou em forma de dividendos – esse é o primeiro passo”, diz.
Olhar os dois indicadores em conjunto é muito importante porque pode ficar evidente que o rendimento pago em um ano deve não se repetir no ano seguinte.
“É o caso de uma empresa que faz distribuições extraordinárias de dividendos, diante uma renda extra, como uma venda de um grande ativo, o que acaba inflando de maneira artificial o número do yield”, explica.
Por exemplo, uma empresa que costuma pagar 25% de seu lucro líquido em proventos, um certo ano vende uma de suas unidades fabris, ou uma fazenda que seja, gerando um excesso de caixa que não será reinvestido – ela acaba por distribuir parte daquele lucro ao acionista. No entanto, ela não terá mais aquele ativo para vender no ano seguinte, os famosos “eventos não recorrentes” que estão descritos nas demonstrações financeiras.
Evitando distorções
Para se evitar distorções, existem alguns tipos de yields, ou seja, o cálculo do rendimento pode ser feito de várias maneiras, considerando os custos da aplicação, da inflação ou simplesmente de forma nominal, ignorando fatores externos.
O Yield nominal é o valor recebido pelo investidor antes de se descontar a inflação do período. Pode ser apresentada em forma bruta, com os impostos embutidos, ou líquida, sem os impostos. Já o Yield real é o valor que se recebe realmente em retorno, após o desconto dos impostos e da inflação.
Há também o Yield negativo, quando o rendimento nominal é menor do que a inflação no período.
Mas fique tranquilo: a principal função do yield é auxiliar o investidor a entender se um investimento é vantajoso ou não. Estamos dizendo que ele não deve ser olhado de maneira isolada, não basta encontrar o ativo com maior rendimento e comprar todos os papéis que conseguir.
É preciso ter um olhar mais amplo e apurado. Isso dá mais trabalho, só que é mais seguro. Afinal o seu dinheiro não chegou até você de forma fácil, certo? Mas por que então investir? Pelo rendimento, pelo yield, claro.
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