Os dados mais recentes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que 78,9% das famílias brasileiras tinham dívidas ao fim de novembro deste ano. O levantamento considera as dívidas com atraso ou não.
A taxa mostra uma retração de famílias com dívidas ante o dado anterior do CNC, que mostrava 79,2% em novembro. Contudo, em novembro de 2021, o percentual de família endividadas subiu para 75,6%.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC também mostra que as famílias em inadimplência somam 30,3% em novembro, mesmo patamar de outubro.
Em 2021, contudo, eram 26,1% famílias inadimplentes.
O número de famílias que informam que não terão condições de pagar suas dívidas subiu de 0,3 p.p., para 10,9%. Em novembro do ano passado, o índice era de 10,1%.
Dívidas por recorte social
Ao mesmo tempo, o número de famílias pobres com dívidas atrasadas alcançou nova máxima histórica (34,1%), num momento em que os juros estão no maior nível em cinco anos.
Conforme o estudo, o porcentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e casa) avançou 3,3 pontos porcentuais na comparação com novembro do ano passado.
Dos consumidores com até dez salários de renda mensal, 34,1% atrasaram dívidas, a maior proporção da série histórica, iniciada em 2010. Os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados, pois os juros altos aumentam as despesas com dívidas.
Na comparação com o ano passado, a piora no nível de endividamento foi mais expressiva entre as mulheres (3,3 p.p.) do que entre os homens (1,9 p.p.).
O público feminino é atualmente o mais endividado, com 80,7% delas possuindo algum tipo de dívida em novembro.
No recorte da faixa etária, a percepção de superendividamento também se acirrou mais entre os consumidores com mais de 35 anos (3,2 p.p.). Os indivíduos que não conseguiram terminar o ensino médio também formam o grupo em que o nível de endividamento mais cresceu em um ano (3,9 p.p.).
Com isso, cresceu em novembro o volume de consumidores apontando que não pagaram dívidas já atrasadas de meses anteriores: 10,9% do total de famílias.
Entre as com menores rendimentos, o indicador manteve trajetória de alta, atingindo 13,4%, pouco abaixo da máxima histórica de 13,9%, observada em agosto de 2020.
Mesmo os consumidores buscando a renegociação, o volume dos que reportaram atrasos na quitação de dívidas atrasadas por mais de 90 dias piorou em novembro.
Do total de famílias inadimplentes, 42,5% estão com atrasos acima de 90 dias, 0,6 p.p. em relação a outubro e 1,0 p.p. comparativamente a novembro de 2021.
Renda comprometida
Além disso, tem chamado a atenção o volume de consumidores com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de dívidas. Em novembro, 21,6% do total de endividados estava nessa situação, crescimento anual de 0,8 p.p.
Em média, o brasileiro precisou gastar 30,4% de toda a sua renda só para pagar dívidas em novembro, isso sem contar as contas de consumo (água, energia, telefone, gás etc).
Apesar dos fatores benignos relativos à disponibilidade de renda, a combinação de endividamento e juros altos está deixando os consumidores mais cautelosos.
Diante do crédito mais caro, a proporção de famílias que se consideram com muitas dívidas chegou a 17,5%, alta de 0,2 p.p. ante outubro e de 2,7 p.p. em relação a novembro de 2021.
Com Estadão Conteúdo