A Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) informou hoje (terça-feira) que a 10ª Vara de Execuções Fiscais da Justiça Federal de São Paulo bloqueou a sua distribuição de dividendos no valor de R$ 890 milhões declarados no dia 17 de agosto.
A siderúrgica lançou nota aos acionistas informando que está impedida de pagar dividendos a partir do dia 30 de agosto e que não esperava pela decisão. “A Companhia está avaliando todas as medidas cabíveis para preservar o seu melhor interesse, assim como também o de seus acionistas”, escreve.
O anúncio da distribuição dos dividendos foi visto com atitudes mistas quando ocorreu. Por um lado, o dividendo extra seria bom aos acionistas, pois teoricamente levaria a uma alta das ações. Por outro, o endividamento extremo da empresa, que a leva a vender ativos e alongar sua dívida, poderia combinar-se à distribuição dos dividendos para exercer uma pressão negativa no preço da ação.
Segundo o Estadão, a decisão de distribuir dividendos foi uma manobra para prover caixa para uma das holdings da família Steinbruch, que tem dívidas com o Bradesco (BBDC4). O jornal afirma que o banco atrelou o alongamento de uma dívida da siderúrgica e negocia a amortização de uma parcela de outra dívida da holding. A CSN veria a distribuição de dividendos, portanto, como uma forma de cumprir a imposição do Bradesco.
A CSN fechou o segundo trimestre de 2018 com caixa de R$4,35 bilhões, uma alta de 41,9% em relação ao trimestre anterior. Ainda assim, houve queda de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Desde dezembro de 2016 não havia alta no caixa da empresa de um trimestre para o próximo.
Embora a alta do caixa da empresa seja considerável, a companhia ainda tem uma dívida líquida de R$27,13 bilhões, contabilizada em junho, uma alta de 2,3% em relação ao primeiro trimestre. Essa dívida é um recorde para a CSN.
A alavancagem financeira da empresa, embora ainda alta, em 5,34 vezes, é agora a menor desde março de 2015, devido a melhorias operacionais.
O real fraco é um dos maiores problemas da CSN. 55% das obrigações da companhia são em moeda estrangeira, e a alta do dólar e outras moedas torna a situação da empresa preocupante.