Disparada da Selic é inevitável, dizem economistas

Após mais de 10 semanas de projeções estáveis, pela primeira vez o consenso do mercado financeiro passou a esperar novas altas de juros em 2024 – conforme transparecido no Boletim Focus, que agora mira uma Selic de 11,25% ao fim deste ano.

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O cenário de expectativas de alta na Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se dá por conta projeções de inflação ainda persistente.

“Esse ajuste reflete preocupações com pressões inflacionárias, evidenciadas pela revisão para cima da expectativa de inflação para 4,30% em 2024. O crescimento surpreendente do PIB no segundo trimestre, superando as estimativas, contribuiu para essa reavaliação, sugerindo uma economia mais aquecida que pode demandar juros mais altos para conter a inflação”, explica, Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações.

“Além disso, a projeção do dólar subindo para R$ 5,35 ao final do ano aponta para possíveis pressões cambiais. Este cenário desafia o Banco Central a equilibrar o controle da inflação com o estímulo ao crescimento econômico, tornando as próximas reuniões do Copom cruciais para a definição da trajetória econômica do país”, completa.

Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, comenta que “o mercado está atento ao comportamento da inflação, que tem surpreendido negativamente”.

O especialista destaca que, por consequência, deve ocorrer um impacto no mercado de renda variável, por conta da elevação do custo do crédito.

“Com um cenário de inflação persistente e a Selic em elevação, a volatilidade no mercado de ações deve se intensificar, tornando os ativos de renda fixa mais atraentes para os investidores em comparação com a renda variável”, analisa.

“Isso pode pressionar setores da bolsa de valores, especialmente os mais sensíveis ao custo de capital, como construção civil e varejo. Por outro lado, o crescimento do PIB visto na divulgação sinaliza uma resiliência da economia brasileira, o que pode suavizar parte dos impactos negativos da alta da taxa de juros, mantendo o mercado acionário atrativo em setores de commodities e exportadores”, conclui.

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IA aponta 77% de chance de alta na Selic na próxima reunião do Copom

O Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), da Equus Capital, aponta que há 77,4% de chance de aumento da Selic na próxima reunião do Copom.

A ferramenta utiliza Inteligência Artificial para coletar e analisar dados.

Conforme a análise da casa, nesta última semana ocorreu um aumento no número de contratos em aberto no mercado de opções de Copom, passando de 21.522 para 34.957.

“Nesta semana, houve um aumento significativo na probabilidade de um ajuste de 25 bps pelo IEPS na próxima reunião do Copom. O relatório Focus desta segunda-feira interrompeu uma sequência de 11 semanas com a previsão da Selic em 10,50%, agora projetando uma taxa Selic de 11,25% ao final do ano”, diz Felipe Uchida, head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.

“Além disso, a inflação medida pelo IPCA alcançou 4,45% nos 12 meses encerrados em julho, aproximando-se do teto da meta perseguida pelo Banco Central. Esses indicadores reforçam a justificativa para um aumento na Selic, uma vez que a alta da inflação demanda medidas de política monetária mais restritivas”, completa.

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Eduardo Vargas

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