Diretor do Banco Central nega relação mecânica entre arcabouço fiscal e inflação

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, repetiu nesta segunda-feira (5), que não há relação mecânica entre a aprovação do arcabouço fiscal e a inflação ou as decisões de política monetária.

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A fala vem na mesma toada das últimas Atas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

“Tem havido uma redução no risco de cauda fiscal. Mas não houve muita mudança nas expectativas de resultado fiscal para os próximos anos, nas pesquisas Focus dos últimos meses”, afirmou, em palestra na 14ª Edição do Bradesco BBI London Conference.

Guillen também repetiu que o desafio de definir qual é a taxa neutra de juros não é apenas brasileiro, citando dificuldades também de outros bancos centrais.

“Mais do que o nível exato da taxa neutra, é mais importante perceber se houve mudanças no patamar dessa taxa neutra. Por isso estamos olhando para cenários alternativos para juro neutro e os seus respectivos impactos sobre a inflação”, respondeu.

O diretor de Política Econômica do Banco Central avaliou que há um fenômeno global de expectativa de arrefecimento da inflação e normalização das políticas monetárias de diversos países.

“As taxas de juros estão em suas máximas em vários países”, destacou.

Ele enfatizou que os bancos centrais – incluindo o brasileiro – usam o receituário de separação entre as políticas monetária e macroprudencial, mas afirmou que os mercados não trabalham com essa separação.

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Inflação Global no radar do Banco Central

O diretor de Política Econômica do Banco Central disse que, apesar da tendência de queda geral na inflação global, os núcleos de inflação não mostra desaceleração, especialmente em economias avançadas.

“O que vemos no cenário global é que a inflação em geral está caindo, mas os núcleos ainda não mostram essa tendência. Assim como no Brasil, os gráficos mostram a resiliência dos núcleos de inflação”, afirmou Guillen.

O diretor destacou que a inflação nos Estados Unidos mostra desaceleração em alguns itens, mas resiliência em outros. “Há algum alívio em salários nos EUA, mas ainda em altos níveis”, detalhou.

Ele apontou ainda a desaceleração dos preços de commodities desde o começo deste ano. “A velocidade de reabertura da China pode impactar a dinâmica de commodities. Esses preços podem trazer a inflação para baixo, mas esses movimentos são voláteis”, completou.

Guillen citou ainda as revisões das projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em diversas economias – com EUA, Europa e China -, com melhoras nas estimativas para 2023, mas desaceleração para 2024.

Ele mencionou ainda uma grande melhora nas expectativas para o PIB brasileiro em 2023, mas quase nenhuma mudança para 2024.

“Há uma discussão justa sobre quanto do bom desempenho do PIB é agricultura”, completou o diretor do Banco Central.

Com Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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