Queremos voltar a ser uma das principais pagadoras de dividendos do setor, diz diretor de RI da Direcional (DIRR3)
Em entrevista exclusiva ao Suno Notícias, o diretor de relações com investidores da Direcional (DIRR3), Paulo Sousa, reforçou que o consumo de caixa no balanço do 1T24, reportado na prévia de resultados divulgada na quinta-feira (11), não é uma preocupação para a companhia, que trabalha para voltar a ser uma das principais pagadoras de dividendos do setor de construção.
Na prévia de resultados do 1T24, a Direcional afirmou que “em decorrência da aceleração do crescimento operacional que a companhia vem executando, sobretudo após o follow-on, foi observado um consumo de caixa no trimestre no montante de R$ 58 milhões”.
“Faz parte da estratégia que a gente desenhou, inclusive a gente endereçou o follow-on da Direcional por causa disso. Fizemos uma captação no ano passado de pouco mais de R$ 400 milhões mirando este crescimento e, logicamente, esse capital deveria ser consumido nesse momento”, destaca Sousa.
No período, as vendas líquidas da Direcional atingiram R$ 1,3 bilhão, alta de 63% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o Valor Geral de Vendas (VGV) cresceu 47% no ano, chegando a R$ 897 milhões, com o lançamento de 9 empreendimentos.
“Se você pegar a Direcional dentro do setor, é uma das principais pagadoras de dividendos. Foi até a gente enxergar essa possibilidade de crescimento. E aí, depois que estabilizar o crescimento, certamente voltaremos a gerar caixa e trabalharemos para devolver o máximo possível de dividendos para o acionista”, explica o diretor de RI da empresa, que não deu maiores detalhes sobre a previsão de pagamento para esses proventos.
Ainda na prévia, a companhia ressaltou que entrou em 2024 pronta para fazer do período o “ano da venda”, em linha com a aceleração dos lançamentos e recomposição de produtos. Neste sentido, Sousa lembra que o foco da Direcional este ano consiste, portanto, em buscar acelerar a velocidade das vendas (VSO), que no 1T24, ficou em 22%, uma elevação de 530 bps em relação ao trimestre anterior.
“Eu arriscaria dizer que desde 2012 a gente não tem indicador como esse, e é o que a gente busca. Eu não consigo prometer que a gente vá conseguir continuar entregando esse mesmo patamar de VSO, mas estamos trabalhando para isso. Vamos trabalhar para manter a venda como prioridade e buscar o crescimento pela venda”, pontua o executivo.
Direcional e Selic: como a construtora tem observado a queda nas taxas de juros?
Paulo Sousa, diretor de RI da Direcional, explica que a Selic impacta as companhias de construção civil de duas formas. Uma delas, segundo ele, é no custo de capital da empresa, quando elas normalmente tomam dívida para desenvolver os projetos e parte desta despesa pode ser vinculada à taxa de juros – assim, quando a Selic está para baixo, há um menor dispêndio de capital.
O outro impacto, talvez o principal, de acordo com Sousa, é o cliente. “Quase todas as unidades novas vendidas no nosso segmento são financiadas pelo cliente e ele tem uma dependência muito grande da taxa de juros. E a Selic, por ser a taxa básica de juros do Brasil, direciona o custo do funding dos bancos que emprestam para os nossos clientes. Então de forma geral, sempre é positivo”, aponta.
A última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que foi unânime e amplamente aguardada pelo mercado, reduziu a taxa básica de juros brasileira para 10,75%, com o colegiado do BC indicando “elevação da incerteza e necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária”.
Sousa ainda ressalta que uma parte relevante do negócio da Direcional é estar inserida no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), do Governo Federal, o que, em sua visão, tem uma baixa correlação com a Selic, já que o funding é direcionado do Fundo de Garantia (FGTS) com taxa de juros diferenciada.
“Quando eu olho para dentro do nosso negócio, seremos positivamente impactados [pela Selic], assim como todas as empresas do nosso segmento, mas vale ressaltar que hoje já estamos bem posicionados”, diz.
MCMV: desafios sempre foram endereçados, diz diretor de RI da Direcional
Para alguns analistas de mercado, o aumento expressivo nas vendas de residências no MCMV emergiu o risco de uma eventual falta de recursos do FGTS para abastecer os financiamentos no segundo semestre.
Assim, com base no volume de empréstimos de janeiro e fevereiro, seria necessário um adendo na ordem de 20%. Todo este cenário é acompanhado de perto pela Direcional, de acordo com Sousa. “Quando a gente analisa o número mês a mês, percebemos que o executado está um pouco acima do que seria o anualizado do orçamento, mas a gente confia que algo será endereçado”, avalia.
“Faltar funding para um segmento de longo prazo sempre é complexo, dificulta a operação do dia a dia. Sempre que houve algum desafio no Minha Casa Minha Vida, esse desafio foi discutido e endereçado. Acredito que aqui poderemos ter alguma solução que não impacte a operação das empresas”, completa.
Por fim, o diretor de RI lembra que o Brasil possui uma grande demanda no quesito habitação, com várias companhias buscando oportunidades. No entanto, ressalta que atualmente, a concorrência não é o grande foco da Direcional.
“Aacredito que haja espaço para todo mundo que opera no segmento e, para o Brasil, seria até bom se mais players viessem concorrer conosco, porque hoje temos uma capacidade instalada que certamente não é suficiente para atender o país. O nosso foco é ser mais eficiente, fazer melhor, conseguir entregar apartamentos de alta qualidade com custo baixo para o nosso cliente e fazendo isso, acho que a gente vai ter mercado sempre”, finaliza.
Desempenho das ações de Direcional (DIRR3)
No mês, as ações de Direcional caem 8,58%, enquanto no acumulado do ano, os papéis avançam 4,63%.
Cotação DIRR3