A rede espanhola de supermercados Dia está investigando um suposto envolvimento de executivos do Brasil e da Espanha em fraudes contábeis na empresa.
A reportagem do site Las Provincias diz que a Dia começou uma apuração dos dados no início de 2018, visando identificar a origem de ajustes contábeis de 2017 envolvendo ações da companhia no Brasil e na Espanha. Segundo o jornal Valor Econômico, a operação ainda está em curso.
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A auditoria, realizada pela EY anteriormente e agora nas mãos da KPMG, revelou a existência de manobras contábeis irregulares feitas por parte de funcionários e gerentes brasileiros e espanhóis. A rede tem 1.172 lojas no Brasil, com vendas brutas de 1,6 bilhão de euros no ano passado. Entre 2014 e 2016, os relatórios anuais da Dia registraram crescimento de 11% a 18% no faturamento em reais. Trata-se de número muito acima do desempenho do mercado.
Tanto a EY quanto a KPMG não quiseram se manifestar. A atual auditora afirmou em nota que está impedida de comentar casos envolvendo empresas analisadas pela firma.
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Alguns executivos deixaram seus cargos na subsidiária no Brasil depois que as investigações foram colocadas em prática. O Valor Econômico então pergunto à rede se as demissões se deram em razão da auditoria. A empresa respondeu em nota que se encontra “em um grande processo de transformação no Brasil e no mundo”. Disse também que 2018 “foi um ano desafiador, provavelmente o período mais crítico desde que a empresa foi fundada, há mais de 40 anos” e que agora havia dado início a um novo ciclo, com a contratação de “talentos experientes em varejo, que chegaram com o principal objetivo de restabelecer a organização”.
No fim do ano passado, o presidente da Dia no Brasil, Freddy Wu, foi transferido para a filial na Argentina. Ele estava há sete anos no cargo. O novo CEO é Marin Dokozic, ex-presidente da rede alemã Lidl. As diretorias comercial e financeira também tiveram mudanças de cargos.
A rede anunciou a demissão de 2,1 mil trabalhadores na Espanha e na subsidiária Twins Alimentación. O fechamento das vagas se deu depois de a Dia registrar prejuízo de 352 milhões de euros em 2018 e entrar em falência técnica.