Hoje comemora-se o dia do aposentado, mas nem todos os aposentados podem comemorar sua aposentadoria com alegria. Isso porque cerca de 46% dos idosos se mantém na ativa com alguma tarefa profissional, aumento de 10 pontos percentuais em relação a 2018, segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em parceria com Offer Wise Pesquisas no ano passado.
Entre os idosos que continuam trabalhando e já estão aposentados, 71% mencionaram a complementação da renda como principal motivo. Além disso, cerca de 46% não sabem até que idade pretendem trabalhar. Isso é resultado da insuficiência de renda proveniente dos benefícios da Previdência Social.
De acordo com Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do total de beneficiários, mais de 50% ganham o salário mínimo de aposentadoria do INSS, no valor de R$ 1.210,44. E, por esse motivo, alguns idosos acabam retornando para as atividades profissionais com o objetivo de complementar a renda.
Para somar, com a reforma da Previdência os brasileiros são obrigados a trabalhar por mais tempo e, com base nesse cenário, se torna cada vez mais necessário investir para garantir o mesmo patamar de vida no momento da aposentadoria.
Realizar investimentos pensando no longo prazo garante não somente a independência financeira mas também segurança contra eventuais – e prováveis – mudanças nas regras do INSS. Portanto, os especialistas recomendam pensar hoje em investir para se ter uma aposentadoria tranquila. Mas será que é possível ter uma previdência sem depender do governo?
“Sim, é muito possível!”, disse a educadora financeira da Ativa Investimentos, Beatriz Morais. “Existem investimentos que geram renda passiva e, portanto, renda em conta de forma automática, assim como o INSS. Quanto antes começar a investir, mais cedo a liberdade financeira chega. Tempo é um fator muito importante na vida do investidor”, avalia a especialista.
Como não depender do governo para construir uma boa aposentadoria?
Os especialistas recomendam que a melhor forma do brasileiro não depender do governo para se aposentar é garantindo a liberdade financeira através de aplicações. Ou seja, poupar e investir mensalmente numa carteira de investimentos visando objetivos de longo prazo.
“O primeiro passo para não ficar refém da previdência estatal é construir um planejamento financeiro completo, que prepare a carteira de investimentos para todas as fases da vida financeira do investidor, projetando antecipadamente a renda de aposentadoria do cliente”, disse o head da mesa de alocação alta renda e sócio da BRA, Leandro Vasconcellos.
Portanto, segundo o especialista, o pontapé inicial é o pensamento no longo prazo, depois a disciplina de poupar dinheiro e também de investir. Com isso, a aposentadoria através do governo será uma fonte de renda secundária no futuro.
“É importante começar a pensar hoje no futuro para que use o tempo a seu favor e, com isso, consiga aproveitar o máximo da rentabilidade que os investimentos podem trazer”, disse o analista de Renda Fixa da Nexgen Capital, Heitor Martins.
Jornada do Investidor
Vasconcellos explica que para construir uma carteira de ativos focada na aposentadoria é preciso ter em mente que todo o investidor passa por pelo menos três fases antes de se aposentar e cada uma delas precisam de uma configuração de carteira específica.
1ª fase: Acumulação de patrimônio
Na fase de acumulação de patrimônio, o objetivo principal é estabelecer uma regularidade nos aportes, construir uma reserva de emergência e escolher ativos que sirvam como um grande depósito onde se criar um estoque de capital que possa ser usado nas fases seguintes.
“Nesta fase a constância é até mais importante do que a rentabilidade, uma vez que ainda há pouco dinheiro investido e os aportes mensais são substancialmente maiores do que os juros sobre a reserva financeira”, salienta Vasconcellos.
2ª fase: Multiplicação de patrimônio
Na fase de multiplicação de patrimônio, o objetivo principal é alavancar a rentabilidade dos ativos.
Nesta fase, o especialista explica que já se tem uma reserva de emergência financeira maior e os juros sobre ela já não são tão inferiores aos aportes mensais, e normalmente é nesse período em que os prazos das aplicações são alongados em busca de melhores taxas e também se toma um pouco mais de risco visando retornos maiores.
3ª fase: Preservação
Na fase de preservação o objetivo é totalmente oposto ao da fase anterior. Aqui preservar o capital é mais importante do que obter retornos acima da média e o maior risco sempre será a inflação, que pode corroer o poder de compra da reserva financeira e provocar uma redução no padrão de vida do investidor.
“Nessa fase, os juros sobre as aplicações financeiras devem ser capazes de repor as perdas para inflação e ainda custear as despesas mensais do investidor.”
Quais melhores ativos para investir na aposentadoria?
Os especialistas apontam que o mais importante é ter uma carteira diversificada e prestar atenção em como os ativos “conversam” com os elementos de prazo, retorno e perfil de risco.
“O melhor ativo dependerá do perfil de risco do investidor e prazo que tem disponível para começar a usufruir a aposentadoria. O mais importante, no entanto, é garantir a aplicação nas diversas classes de maneira diversificada, sem concentrar os aportes em único ativo”, disse Martins.
Morais explica que pensando em investimentos de renda fixa para aposentadoria seriam ideais debêntures e títulos do Tesouro Direto com pagamento de juros semestrais. Já pensando em investimentos de renda variável, a indicação são ações boas pagadoras de dividendos e fundos imobiliários (FIIs).
Martins acrescenta ainda que, se a pessoa optar pela maior parte do portfólio em renda variável, é ideal ter um prazo maior para o investimento.
“A aposentadoria pode ser feita através de investimentos em diversas classes de ativos, como por exemplo renda fixa, ações e fundos. O melhor ativo dependerá do seu perfil de risco do investidor e prazo que tem disponível para começar a usufruir a aposentadoria.”
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