Qual criança nunca brincou de Genius, Cara-a-Cara, Barbie, Max Stell, entre outros brinquedos clássicos? Muitos deles eram recebidos no dia das crianças. Uma das ocasiões mais aguardadas no ano pelos pequeninos, que são presenteados com bonecas, carrinhos, jogos de tabuleiros e outros produtos infantis.
No entanto, o mercado acionário não tem demonstrado a mesma alegria das garotas e dos garotos no dia das crianças. que grandes fabricantes de brinquedos tem sofrido declínio em suas ações devido a tecnologia. “As novas gerações vem crescendo em uma das maiores mudanças tecnológicas da era moderna”, explica o especialista da SUNO Research, Alberto Amparo, “os gostos pelos brinquedos estão mudando. E isso acaba impactando também os resultados das fabricantes”.
Empresas produtoras de brinquedos que marcaram gerações, como a Mattel (MAT) e Estrela (ESTR4), estão enfrentando essa situação complicada. Brinquedos clássicos estão brigando pela atenção das crianças que passam cada vez mais horas por dia jogando videogames e assistindo vídeos em celulares e tablets.
Ações da Mattel caíram rápido como Hot Wheels
As ações da Mattel, que tem 74 anos de mercado na indústria dos brinquedos, caíram 73% em apenas seis anos. Os papeis da gigante norte-americana se aproximam de um período de dez anos de baixa.
No dia 30 de dezembro de 2013, quando registrou seu pico, a Mattel encerrou a cotação de suas ações, sendo negociadas a US$ 47,82 (R$ 196,47). Atualmente, elas estão por volta de US$ 11 (R$ 46,02).
A desvalorização dos papéis é devido a forte concorrência com os novos brinquedos tecnológicos. Os ativos da Mattel são negociados na Bolsa de Valores dos Estados Unidos.
“A Mattel é uma empresa líder global em entretenimento infantil, especializada no design e produção de brinquedos e produtos de consumo de qualidade”, salientou Amparo, “mas ela não soube se reinventar e se inserir nesse novo mercado digital”.
Os principais brinquedos produzidos pela Mattel atualmente são:
- Hot Wheels
- Barbie
- Max Steel
- Monster High
No balanço divulgado pela fabricante em março deste ano, a receita caiu de US$ 6,5 bilhões (R$ 26 bilhões) para US$ 4,5 bilhões (R$ 18 bilhões). Por sua vez, o prejuízo registrado foi de US$ 418 milhões (R$ 1,7 bilhão).
“Apesar da Mattel ser uma líder na indústria de brinquedos há muito tempo, nos últimos anos, a empresa tem demorado demais para mudar seu rumo, o que os levou a diminuir sua fatia do mercado e seu valor acionário”, ressaltou Amparo, “é o típico caso de empresa que não soube inovar e acabou prisioneira de seu sucesso passado”.
Balanço da Estrela nas curvas do Autorama
A Estrela é uma tradicional fábrica de brinquedos que está no mercado há 82 anos. A fabricante abriu seu capital em 1944, se tornando uma das primeiras empresas no Brasil a ser cotada na Bolsa de Valores.
A estreia da brasileira foi com suas ações ordinárias, ESTR3, no entanto, atualmente, apenas as preferências são negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
No dia 2 de dezembro de 2013, as ações ordinárias alcançaram seu maior pico, registrando uma cotação de R$ 235,60. No último dia de cotação, 1° de abril de 2018, as negociações de seus papéis foram no valor de R$ 17.
No segundo trimestre de 2019, a Estrela registrou prejuízo de R$ 10,52 milhões. No acumulado dos últimos doze meses, a empresa teve prejuízo de R$ 28,8 milhões. No último dia do mês de junho, a empresa possuía um ativo total de R$ 209,49 milhões e um patrimônio líquido de R$ – 462,56 milhões.
Alguns brinquedos marcaram gerações como:
- Susi
- Autorama
- Pega varetas
- Banco Imobiliário
- Genius
- Pula Pirata
Investimento nas indústrias de brinquedos
De acordo com dados da consultoria Euromonitor, o mercado de brinquedos apresentou crescimento médio nominal anualizado de 10,6% entre 2011 e 2016. Este número é bem superior ao crescimento nominal médio do Produto Interno Bruto (PIB) no período, que foi de cerca de 6,6%.
Entre 2017 e 2021, as despesas com brinquedos, no Brasil, devem crescer cerca de 6,5% em US$, uma taxa acima da média de crescimento global, que deverá ficar em torno de 4,1%, segundo as estimativas.
Entretanto, mesmo com esses resultados positivos as fabricantes tradicionais de brinquedos continuam sofrendo. Isso pois as gastos com videogames ou aparelhos eletrônicos está superando regularmente aquele com jogos tradicionais.
Isso em particular no Brasil, onde o gasto per capita ligado a despesas com brinquedos e jogos tradicionais foi de aproximadamente US$ 14 em 2016, muito abaixo do consumo verificado em outros países, como EUA, Reino Unido, França e Japão.
O consumo per capita jogos tradicionais no Brasil está muito abaixo de países desenvolvidos. E, por isso, é muito provável que o dia das crianças não será tão alegre assim para as fabricantes de brinquedos.
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