Até o início da terça-feira passada (3) uma coisa era certa: a Amazon (AMZO34) apresentaria seus últimos resultados trimestrais de 2020, e a expectativa era alta. De fato, a titânide norte-americana não deixou os investidores na mão. Mas, de quebra, a companhia anunciou outra notícia, divisora de águas, a saída de Jeff Bezos do posto de CEO.
O começo do processo de sucessão em uma das maiores empresas dos Estados Unidos chocou o mercado, investidores e quem mais estivesse por perto. Jeff Bezos, o fundador da Amazon, que comandou a companhia com unhas e dentes por mais de duas décadas está se retirando dos holofotes.
No entanto, embora a notícia tenha chegada só recentemente, Alberto Amparo, analista de internacional da Suno Research, destaca que a decisão não surgiu do dia para a noite. “Bezos tem patrimônio de mais de US$ 200 bilhões e já tirou o pé do acelerador faz um tempo. Ele já estava preparando o sucessor dele há anos”, ponderou Amparo.
Além disso, o executivo sempre fora um fã do processo de transição realizado na Microsoft (MSFT34), orquestrado por Bill Gates, conforme disse Jeffrey Sonnenfeld, professor de liderança na Yale School of Management, ao Financial Times. E Bezos não deixaria de tentar se tornar ele também um exemplo.
Aquele que, a partir do terceiro trimestre, sentará definitivamente na cadeira de diretor executivo da Amazon leva o nome de Andy Jassy, além de braço direito de Jeff Bezos, o responsável pela semeadura, regagem e colheita da Amazon Web Services (AWS). Um peso pesado dentro da companhia.
Andy Jassy até a nomeação para CEO da Amazon
Um “bem conhecido dentro da empresa”, nas palavras do próprio Bezos, Jassy possui 53 anos e começou sua jornada na Amazon em 1997, três anos após a criação da empresa, depois de concluir seu MBA na Harvard Business School. O executivo passou quase metade de sua vida na companhia.
Andy Jassy foi um dos responsáveis por implantar a ideia inicial da AWS, um serviço de nuvem que cede infraestrutura para empresas, escolas e governos rodarem seus sites e aplicativos. A subsidiária foi fundada em 2006 e se tornou o segmento mais lucrativo da companhia.
De acordo com os dados mais recentes, hoje a AWS é responsável por cerca de 12% das vendas líquidas totais e 59% do lucro operacional para todos os segmento. Amparo descreve a AWS é como “basicamente um segmento que eles tiraram da cartola. Ninguém esperava que eles fossem lançar um negócio de computação em nuvem”.
Nesse sentido, um dos pontos que o analista destacou é que Andy Jassy, além de conhecer minuciosamente a empresa, é um verdadeiro expert na área de web services. Bezos, dessa forma, veria na figura de Andy Jassy alguém que está disposto a correr todos os riscos para a Amazon se manter na vanguarda.
Steve Jobs teria dito uma vez que “grandes coisas numa companhia nunca são feitas por um indivíduo. Elas são feitas por um time de pessoas”, lembra Amparo. Para o analista o que muda na Amazon é “muito pouco”.
Jeff Bezos fora dos holofotes
Em sua carta aos “amazonenses”, como são chamados os funcionários da empresa (não confundir com aqueles que nascem no Estado do Amazonas), Jeff Bezos abre o jogo e diz logo de cara que: “ser o CEO da Amazon é uma profunda responsabilidade, e é cansativo”.
No texto, o empresário diz que passará a focar sua energias e atenção em novos produtos, novos projetos e novas iniciativas. E ele já deve ter algumas em mente.
O executivo, por exemplo, assim como seu par bilionário Elon Musk, está envolvido em uma corrida especial com a Blue Origin, sua empresa aeroespacial. O fundador da Amazon também é dono de um dos maiores jornais em circulação do mundo, o The Washington Post.
Além disso, lançou há cerca de um ano um fundo ambiental e prometeu doar US$ 10 bilhões para combater mudanças climáticas, mas ainda há poucos detalhes sobre o assunto.
Não obstante, um choque mesmo seria digerir que empresário estaria pulando fora da Amazon, e esse não é o caso. Segundo o CFO da companhia, Brian Olsavsky, “Jeff não está indo embora, ele está conseguindo um novo emprego. ”