Destaques dos balanços da semana: Via Varejo; Itausa; BR Distribuidora
Mais de 50 grandes empresas divulgaram seus resultados do terceiro trimestre de 2019 na última semana. O portal SUNO Notícias separou alguns destaques dos últimos dias e contou com a ajuda de analistas para comentarem sobre cada resultado.
Entre os protagonistas dos balanços divulgados durante a semana está a Via Varejo. A gigante varejista apresentou um prejuízo ainda maior do que o registrado no terceiro trimestre de 2018. Confira abaixo.
Via Varejo
Entre os balanços de mais destaque da semana, a Via Varejo (VVAR3), na noite da última quarta-feira (13), divulgou o seu resultado referente ao terceiro trimestre de 2019. A empresa foi alvo de uma grande polêmica ao ser noticiada uma investigação interna sobre uma possível fraude em seus balanços. Vale destacar que a notícia foi veiculada com exclusividade pelo portal de notícias da SUNO Reserach.
A companhia reportou o prejuízo de R$ 383 milhões no terceiro trimestre deste ano. No mesmo período do ano passado, o prejuízo havia sido de R$ 83 milhões, mais de quatro vezes menor.
Além disso, a Receita Líquida da Via Varejo caiu 10,7%, chegando a R$ 5,68 bilhões, frente a R$ 6,36 bilhões apresentados na comparação anualizada. No acumulado do ano, a receita atingiu R$ 18,04 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que no terceiro trimestre do ano passado foi de R$ 322 milhões, no período de julho a setembro deste ano foi de R$ 176 milhões negativos.
EXCLUSIVO: Via Varejo investiga possível fraude em balanços da companhia
A companhia destacou o Lucro Bruto Operacional de R$ 1,7 bilhão no trimestre, com margem bruta de 30,7%, cerca de 0,5% acima do 3T18 e 2,7% maior que o trimestre anterior.
Além disso, a Via Varejo destacou a redução de R$ 1,1 bilhão em estoques em comparação com o mesmo período de 2018 e R$ 500 milhões com o segundo trimestre de 2019. A empresa encerrou setembro com caixa, incluindo recebíveis de cartão de crédito não descontados, de R$ 2,8 bilhões.
Investigação nos balanços da empresa
A dona das marcas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com, está investigando se executivos da própria empresa cometeram irregularidades na elaboração e divulgação de informações financeiras da companhia.
Segundo fontes próximas ao caso, executivos da Via Varejo contabilizaram despesas como CAPEX (Capital Expenditure), como se o montante fosse destinado a investimentos para a melhoria da operação, quando, na verdade, o dinheiro teria sido destinado a gastos de OPEX (Operational Expenditure), ou seja, destinado para despesas operacionais.
Itausa
A holding brasileira, Itaúsa, controladora do Itaú Unibanco, Duratex e Alpargatas divulgou seu resultado no terceiro trimestre deste ano. A empresa registrou lucro líquido, atribuído a acionistas controladores, de R$ 1,9 bilhão, queda de 22% em comparação com o mesmo período no ano anterior.
“Em relação a Itausa, não tivemos grandes novidades. Como os resultados de Itaú, Duratex e também Alpargatas já tinham sido divulgados, foi bem dentro do esperado”, afirmou o analista Luis Sales, da Guide Investimentos. “A principal questão ai foi uma queda no lucro principalmente em função das despesas não recorrentes do Itaú com programa de demissão voluntárias, isso acabou impactando o lucro líquido no período”, completou Sales.
A receita atingiu, de julho a setembro, R$ 1,3 bilhão valor correspondente ao recuo de 13,4%. A linha de equivalência patrimonial caiu 17% para R$ 1,9 bilhão.
Leia também: Google reúne dados pessoais de saúde de milhões de pessoas em segredo, diz jornal
“Desconsiderando essa despesa [não recorrente], a gente teve um crescimento de 7.7% no lucro com relação ao acumulado dos 9 meses ate setembro. Para uma holding, isso é bem relevante”, destacou o analista.
A empresa afirmou que vale destacar o crescimento de dois dígitos em todos os negócios da Alpargatas e o crescimento do resultado operacional da NTS [Nova Transportadora do Sudeste] “decorrente de reajustes contratuais”.
“O destaque fica para o desconto da holding com relação aos investimentos que continua caindo e já atingiu um patamar de 25%. Hoje está em 18%. Isso por conta dos novos investimentos que estão sendo feitos. O que fica agora é a questão da Liquigás, que deve trazer mais diversificação para os resultados dos próximos trimestres”, salientou Sales.
BR Distribuidora
A BR Distribuidora (BRDT3) registrou alta de 23,9% no lucro do terceiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018. O valor reportado foi de R$ 1,336 bilhão. Vale ressaltar que esse é o primeiro balanço da companhia depois de sua privatização.
Para o professor de finanças da ESPM, Adriano Gomes, um dos pontos que mais se destacou no balanço da BR Distribuidora, e provocou um certo desânimo, foi a queda no market share da empresa. “Nada absurdo, mas em um mercado tão competitivo como este, qualquer variação no bps causa oscilações”, analisou Gomes.
De acordo com a BR Distribuidora, o resultado trimestral foi alavancado pelos recebíveis da Amazonas Energia (R$ 1,446 bilhão). Esse fator foi destacado pela empresa como um importante passo na gestão de caixa.
“Houve aumento no lucro líquido, muito embora a margem bruta em relação a 2018 tenha ficado menor. Foi de 4,9% ante 5,3%. Mas na composição final foi favorável. Importante salientar que a geração de caixa foi bem alavancada pelo recebimento considerável vindo da companhia de energia do Amazonas”, destacou o especialista.
A receita líquida da empresa diminuiu 7,9% por conta dos menores volumes de produtos vendidos agregados a baixa de 3,7% nos preços médios.
Veja também: Eletrobras será privatizada no 2ª semestre de 2020, segundo CEO
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de R$ 771 milhões. No mesmo período do ano passado, o valor obtido pela empresa foi de R$ 631 milhões. A companhia salienta que o valor foi impulsionado pelo benefício de receitas operacionais extraordinárias de aproximadamente R$ 73 milhões.
O volume total de vendas diminuiu 4,4% por causa da queda nas vendas de diesel não térmico, que ocorreu devido a maior competitividade nos setores de postos e grandes consumidores.
O que realmente deve-se frisar, de acordo com Gomes, é que “a empresa vai desimobilizar de forma bastante forte ativos que não tenham sentido com seu core, que a queda observada no market share se deve a uma revisão da política de preços e há um processo de transformação interna muito forte em busca de eficiência, com destaque às áreas de logística e armazenagem”.
O volume de vendas para o mercado de grandes consumidores da BR Distribuidora foi de 2,528 bilhões de litros entre julho e setembro, com uma baixa de 14,5% em comparação ao mesmo período de 2018.
Segundo a BR, a queda foi motivada também pela saída de um cliente do portfólio da companhia, ocorrida no primeiro trimestre, além de um menor nível de atividade das empresas áreas.
“Destaco que a empresa vai iniciar um profundo processo de desinvestimento, se desfazendo de terrenos que efetivamente não fazem parte de seu core. Também poderá obter melhores ofertas de serviços ao sair do sistema de licitação”, afirmou o professor de finanças.
Temporada de balanços
A divulgação de balanços, do terceiro trimestre, das principais empresas brasileiras teve fim nesta semana. Entretanto, fique atento ao SUNO Notícias para ficar por dentro das principais novidades sobre as companhias mais importantes de âmbito nacional e internacional.