Desigualdade no Brasil mantém-se estável, segundo Oxfam

A desigualdade de renda no Brasil parou de diminuir, segundo relatório da ONG Oxfam, divulgado nesta segunda-feira (26). O índice de Gini, principal mensurador da desigualdade, mostrou que a renda domiciliar per capita manteve-se estável entre 2016 e 2017, em 0,549. O indicador estava em queda desde 2002 no país.

O relatório da Oxfam intitulado “País Estagnado” utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).

A Pnad é elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Katia Maia, diretora-executiva da ONG no Brasil, afirmou que “o país estagnou em relação à redução das desigualdades” e alertou para o risco de de um grande retrocesso.

O alerta de Maia já se concretiza no relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

No documento, o país passou da 10ª para a 9ª posição.

O Pnud também utiliza o índice de Gini como referência, e conta com 189 países listados.

Já em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), entre 2016 e 2017 o Brasil permaneceu na 79ª posição de 179 países no total.

O IDH é a principal medida comparativa do desenvolvimento na educação, saúde e renda dos países.

Retrocessos à vista

De acordo com o relatório da Oxfam, cerca de 15 milhões de pessoas viviam com renda diária de US$ 1,9 no Brasil em 2017.

Em 2016 eram cerca de 13,2 milhões.

Portanto, alta de um ano para o outro foi de 11%.

Entre os 50% mais pobres da população, a média salarial foi de R$ 787,69.

A população que compõe este grupo obteve diminuição de 3,5% nos rendimentos do trabalho.

Já os 10% mais ricos tiveram a renda média de R$ 9.519,00, com alta de 6% em seus rendimentos.

As mulheres, em 2016, ganhavam o equivalente à 72% do que os homens ganhavam.

No ano seguinte, houve queda de 2%, a primeira em 23 anos.

A renda média das mulheres em 2017 foi de R$ 1.798,72 enquanto a média dos homens foi de R$ 2.578,15.

A população negra tinha média salarial de R$ 1.458,16 em 2016, o que representava 57% dos ganhos da população branca.

Em 2017, a equivalência dos ganhos dos negros caiu para 54% em relação aos brancos.

Motivos

A ONG indica como principal causa destes dados a PEC do Teto de Gastos, que congela os investimentos públicos do país em 20 anos.

A Proposta de Emenda Constitucional foi aprovada em 2016 durante o governo do presidente da República, Michel Temer.

Para a ONG, a revogação da proposta é necessária para que o país não mergulhe ainda mais na desigualdade social.

Dentre os gastos sociais, em 2016, a previdência, assistência, educação e saúde receberam 22,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

A previdência recebeu 12,25% do total dos gastos sociais, seguida da educação, que recebeu 5,91%.

Assistência e saúde receberam 1,55% e 3,98% respectivamente, de acordo com os cálculos da Oxfam que utilizou dados do Tesouro Nacional.

Amanda Gushiken

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