O Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), que representa as três maiores distribuidoras de combustíveis do país – Vibra (VBBR3), Raízen (RAIZ4) e Ipiranga – disse ter “grande preocupação” diante do “risco real de desabastecimento de combustíveis em alguns polos em todo o país”.
A entidade comentou as medidas tomadas pela Agência Nacional do Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP) na noite desta terça (1º). O IBP elogia a suspensão de estoques mínimos, mas critica pontos como a venda direta de combustível das refinarias aos postos para evitar o desabastecimento de gasolina.
Segundo a entidade, essa decisão é equivocada pois suprime o intermediário (distribuidores), mas teria como principal efeito a desorganização da cadeia.
O IBP cita a permanência de centenas de bloqueios totais e parciais nas estradas, que impedem o transporte de combustíveis como gasolina, diesel e GLP, das refinarias para postos ou unidades revendedoras, realizado majoritariamente por caminhões.
O mesmo acontece com biocombustíveis, como etanol, que saem de usinas produtoras. Em nota, o IBP fala em “impacto inevitável na vida das pessoas e na atividade econômica”.
Mais cedo, a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Biocombustíveis e Gás Natural (Brasilcom), que representa os distribuidores regionais, já havia apontado, em nota, o risco de desabastecimento de combustíveis no País.
As regiões mais afetadas são o Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Inicialmente, o maior foco de atenção era o Sul, em especial Santa Catarina, onde os bloqueios começaram antes e em maior intensidade. Mas, no terceiro dia de protestos bolsonaristas contra o resultado das eleições, as ações no Sudeste, com destaque para o interior de São Paulo, tomaram as atenções do setor.
Atuação da ANP contra o desabastecimento
O instituto afirma que, em paralelo à atuação de forças policiais para o desbloqueio de estradas, vem subsidiando órgãos de governo e entidades do setor com informações de cada polo de abastecimento e sugestões de medidas mitigatórias.
Segundo o IBP, parte das medidas tomadas pela ANP é eficaz e outras têm o poder de desorganizar a cadeia em um momento crítico, sem trazer benefícios.
O IBP diz serem úteis a liberação dos estoques mínimos e a flexibilização de espaço entre distribuidores, de forma a agilizar e otimizar a gestão dos estoques, mas questiona a liberação de marcas no GLP e flexibilização de venda direta de gasolina e diesel aos postos revendedores.
Essas últimas medidas já teriam sido testadas e não funcionaram em situações anteriores.
“Ao contrário, geram ineficiência operacional, insegurança nas relações entre os agentes da cadeia e criam espaço para eventuais abusos e distorções difíceis de fiscalizar”, diz o IBP em nota.
O IBP ainda apontou a necessidade de se avaliar “com urgência e profundidade” a flexibilização do percentual de biodiesel no diesel a ser comercializado.
Isso porque há dificuldade para fazer chegar esses produtos nas bases de mistura das distribuidoras, atrasando a comercialização de combustível, já em estágio crítico em partes do País, como São Paulo, aumentando o risco de desabastecimento.
Com Estadão Conteúdo.