Falas do presidente Jair Bolsonaro, em visita à Rússia, resultaram em críticas duras do Departamento de Estado americano, segundo o Valor Econômico. Membros do governo no Palácio do Planalto e no Itamaraty mostraram surpresa e perplexidade com o teor altamente crítico ao presidente brasileiro, algo sem precedentes recentes.
Segundo as fontes do Valor, foram dois momentos de Bolsonaro em sua visita que desagradaram os Estados Unidos.
O primeiro deles teria sido a fala do presidente ao lado de Vladimir Putin, presidente da Rússia, em que disse que o Brasil é “solidário à Rússia“, sem detalhes do que isso queria dizer.
Nesse mesmo sentido, a segunda declaração teria sido quando Bolsonaro disse, ao final do encontro, ser “solidário a todos aqueles países que se empenham pela paz“, em referência à Rússia.
Para o Departamento de Estado americano, as falas de Bolsonaro neste momento de embate entre a Rússia e a Ucrânia soaram como uma provocação à Washington, diz o Valor. Porém, os Estados Unidos não usaram nenhum canal diplomático ou fizeram qualquer contato, formal ou informal, para demonstrar a insatisfação.
As queixas dos EUA chegaram ao Planalto e ao Itamaraty por meio da imprensa. Porém, membros do governo brasileiro, em anonimato, disseram ao Valor que a escolha de palavras do presidente foi “infeliz” e acreditam que pode ter sido de improviso.
O que disseram os Estados Unidos sobre Bolsonaro?
Um porta-voz do Departamento de Estado americano disse, na quinta-feira (17), que “o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, relata o Valor Econômico.
Ele disse ainda que o Brasil parece ignorar a agressão armada por uma grande potência como a Rússia contra um vizinho menor. Considerando a importância brasileira no cenário mundial, a postura foi inconsistente com a ênfase histórica do nosso país na paz e na diplomacia.
Segundo o Valor, foi o próprio governo americano que distribuiu o pronunciamento para meios de comunicação do Brasil, com o pedido de que fosse atribuído a um “porta-voz do Departamento de Estado americano”.
Em Brasília, o pronunciamento não está sendo tratado como uma manifestação oficial do governo americano, de modo que nem o Itamaraty nem o Palácio do Planalto pretendem respondê-lo.
Para alguns membros do governo brasileiro, as falas de Bolsonaro na Rússia foram de paz e não houve ataque a ninguém.
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