Em delação premiada, dono da Gol acusa Temer, Cunha e Geddel

O empresário Henrique Constantino admitiu em delação premiada que fez pagamentos de propina em troca de liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal para as suas empresas. Entre os acusados, estão políticos do MDB, como o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Geddel Viera Lima.

A delação foi homologada pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal e firmada com o Ministério Público Federal.  Os termos foram assinados no dia 25 de fevereiro deste ano com a força-tarefa da Greenfield e é mantida sob sigilo. De acordo com o jornal “O Globo”, Constantino diz que participou de uma reunião com o vice-presidente da República, Michel Temer, em 2012. No encontro, houve a solicitação de R$ 10 milhões para que Temer fizesse pressão para liberar financiamentos da Caixa para o grupo empresarial do empresário.

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Entre as provas apresentadas por Constantino, constam e-mails e troca de mensagens. De acordo com ele, o pagamento era realizado por suas empresas, por meio de contratos falsos de prestação de serviços com a empresa do operador Lúcio Funaro.

Em compensação, as empresas Via Rondon e Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários receberam um financiamento de R$ 300 milhões do fundo de investimento do FGTS. As duas são ligadas à família Constantino.

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Segundo o empresário, o começo dos relacionamentos com Funaro se deu no fim de 2011. Constantino foi comunicado que o operador financeiro poderia ajudá-lo a encaminhar o financiamento de R$ 300 milhões da Caixa.

Após esse primeiro contato, o dono da Gol participou em junho de 2012 de uma reunião com Temer, o deputado Eduardo Cunha e o deputado Henrique Eduardo Alves. Ambos foram presos pela Lava-Jato. Porém, Alves foi solto no ano passado.

“Sobre a reunião em junho de 2012 em Brasília com Eduardo Cunha e Henrique Alves, informou ainda que se reuniu com eles e o então vice-presidente Michel Temer; que foi solicitado pelo grupo o valor de global de R$ 10 milhões em troca de atuação ilícita de membros do grupo em diversos negócios, como foi o caso da operação da Via Rondon com o FI-FGTS“, disse em seu depoimento.

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Segundo Constantino, a propina foi paga via repasses de caixa dois à campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012. “Efetuou pagamentos para a campanha de Gabriel Chalita em 2012 (pagamentos de despesas), conforme combinado com o grupo, além de efetuar pagamentos para empresas indicadas por Funaro, como Viscaya e Dallas”, relatou. “Ficou claro para o depoente, nessa reunião, que a contribuição dos 10 milhões de reais era em troca de auxílio aos pleitos do depoente por esses membros do então partido PMDB”, disse em seu depoimento.

O ex-presidente Temer também foi citado em outra parte do depoimento. Segundo Constantino, Funaro disse que o emedebista mantinha influências no grupo e que poderia ajudar o empresário em troca de propina.  “Funaro expôs o poder de influência que tinha junto com seu grupo no âmbito do governo federal e instituições diversas, como o Postalis”, afirmou.

O operador financeiro, então, “mencionou o então deputado federal Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, líderes que, segundo Funaro, poderiam auxiliar o depoente em outros negócios de seu interesse, em troca de vantagens indevidas; que, da mesma forma mencionou Michel Temer como membro desse grupo”, afirmou no depoimento.

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Em relação ao ex-ministro Geddel, o empresário declarou que o então vice-presidente da Caixa colaborou para a liberação de crédito de R$ 50 milhões para as suas empresas em troca de propina. “Após a aprovação da operação, Funaro informou que seriam destinados R$ 250 mil a Geddel em razão de sua atuação”, afirmou.

A defesa de Temer declarou que não podeira comentar pois não tem conhecimento ao conteúdo da delação. As defesas de Henrique Alves e de Geddel Vieira Lima não responderam. Já a defesa de Eduardo Cunha nega as acusações e completa dizendo que o ex-deputado está se defendendo na Justiça.

Renan Dantas

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