Rombo nas contas do governo deve subir para R$ 108 bi com mudanças no IPI, diz IFI

O déficit primário do Orçamento Público em 2022 deve atingir R$ 108,1 bilhões, distante do valor de R$ 76,2 bilhões previsto na Lei Orçamentária Anual, considerando a perda de arrecadação com as reduções nas alíquotas do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) e de PIS/Cofins.

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A projeção é da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, que divulgou nesta quarta-feira (16) dados referentes ao Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de março.

Além da perda de arrecadação decorrente da mudança no IPI e das medidas para conter o aumento no preço dos combustíveis, o órgão contabilizou a eventual aprovação do projeto de lei nº 1.472 de 2021 que destina R$ 3 bilhões para bancar um auxílio emergencial para os brasileiros comprarem gasolina. O texto, já aprovado no Senado, ainda depende de votação na Câmara.

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Por meio de um decreto publicado no fim de fevereiro, o governo reduziu em 18,5% as alíquotas do IPI sobre automóveis e em 25% as alíquotas sobre os demais produtos, exceto os produtos derivados do tabaco. A perda de arrecadação chega a R$ 16,2 bilhões quando considerados os prejuízos para a União, os estados e os municípios.

Além disso, um projeto de lei complementar foi aprovado pelo Congresso para zerar as alíquotas de PIS/Cofins sobre alguns combustíveis. A ideia do governo é minimizar o impacto do preço final do diesel decorrente do encarecimento do petróleo.

Nas contas da IFI, a redução das alíquotas de IPI diminuirá a arrecadação do governo federal em R$ 6,6 bilhões. A entidade também calculou uma perda de receitas de R$ 17,6 bilhões com os benefícios relativos a PIS/Cofins.

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“O conjunto de medidas vai ser fiscalmente pesado para o governo central. A expansão, que, para a União, ficará em pelo menos R$ 24,2 bilhões, elevará o déficit primário para pelo menos R$ 108,1 bilhões”, afirmou o economista Felipe Salto, diretor executivo da IFI.

Guerra na Ucrânia também deve impactar no déficit 

A guerra na Ucrânia deve afetar a economia global, com mais inflação e menor crescimento, informou a IFI. Segundo a instituição, a guerra no Leste Europeu pode afetar a dinâmica das variáveis macroeconômicas e fiscais do Brasil. Apesar dos riscos, a entidade informou que aguardará os desdobramentos do conflito para projetar os efeitos no país.

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“Os preços de commodities (minerais, metálicas e agrícolas) apresentam trajetória de forte elevação e poderão agravar as condições inflacionárias das economias dos países, incluindo o Brasil”, informou a entidade.

“A fragilidade do quadro fiscal e econômico exacerba-se em um contexto internacional adverso. Os maiores riscos estão concentrados na inflação e, consequentemente, nos juros. Sob o prisma fiscal, a resultante será o aumento da relação dívida pública /PIB”, completa a entidade em outro trecho do relatório.

Com Estadão Conteúdo

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Bruno Galvão

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