De acordo com o Banco Central (BC), o Brasil teve um déficit em transações correntes de US$ 12,517 bilhões em 2020. Segundo informações divulgadas na manhã desta quarta-feira (27), o resultado é o melhor para um ano desde 2007, mesmo meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Com os efeitos da crise, o País viu as importações de produtos recuarem, ao passo que as exportações se mantiveram em níveis altos, estimulados pela venda de alimentos para o exterior. A estimativa da autoridade monetária era de que o déficit em transações correntes — que traduz as relações comerciais (exportações e importações), de serviços e de rendas com outros países — atingisse US$ 7 bilhões no ano passado.
A balança comercial de 2020 teve um saldo positivo de US$ 43,230 bilhões. A conta de serviços, por sua vez, ficou deficitária em US$ 19,923 bilhões. A conta de renda primária também ficou negativa , em US$ 38,181 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado foi de US$ 11,416 bilhões negativos.
O Banco Central também apresentou sua perspectiva para a dívida externa brasileira no fim de 2020, que é de US$ 307,577 bilhões. De acordo com o BC, o ano anterior terminou com uma dívida de US$ 322,985 bilhões. A dívida externa de longo prazo correspondia a 78,62% desse valor em dezembro, enquanto o estoque de curto prazo era responsável por 21,38%.
Déficit acompanha queda dos investimentos no País
Em um cenário de dúvidas quanto ao futuro do Brasil, impulsionada pela crise econômica trazida pela pandemia, os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 34,167 bilhões no ano passado, disse o BC. O resultado é 50,61% inferior aos US$ 69,174 bilhões registrados um ano antes.
A forte queda do IDP em 2020 é resultado direto da disseminação do vírus, que influenciou negativamente os fluxos de investimentos e negócios em todo o mundo.
No caso específico do Brasil, o risco fiscal e limitações de infraestrutura também são apontadas como fatores negativos para a atração de estrangeiros. No mês passado, o ingresso de investimentos do exterior destinados ao setor produtivo atingiu US$ 739 milhões.
Saldo negativo de lucros e dividendos diminui
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos registrou um saldo negativo de US$ 17,180 bilhões no ano passado, de acordo com a apresentação. A saída líquida, contudo, é menor do que os US$ 31,919 bilhões que deixaram o País em 2019, já desconsiderando as entradas.
No mês passado, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 530 milhões. A expectativa da autoridade monetária era de que a remessa de lucros e dividendos de 2020 fosse de US$ 18 bilhões.
O BC informou também que as despesas com juros externos atingiram US$ 21,118 bilhões no ano passado, frente a US$ 25,548 bilhões em 2019. A expectativa do BC era de gastos de US$ 22 bilhões no ano passado, o que foi cumprido mas que não evitou o déficit em conta corrente. Somente em dezembro, as despesas com juros alcançaram US$ 2,530 bilhões.