A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi atrás da Petrobras para questionar a empresa estatal sobre uma possível interferência direta do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na aplicação de capital para ações publicitárias da petrolífera.
A desconfiança da CVM aconteceu após Bolsonaro dizer, na última quinta-feira (22), que podia influenciar diretamente o acionista controlador da Petrobras, Roberto Castello Branco. O mandatário brasileiro simulou uma conversa com Castello Branco, na qual discutia onde poderia publicar o balanço da empresa.
“Sabe o que eu posso fazer? Chamo o presidente da Petrobras aqui: vem cá, ô, Castelo Branco, você vai mostrar seu balancete este ano no jornal O Globo. ‘Mas presidente, custa dez milhões entre jornal e comissão’. ‘Ô cara, é Globo’. Posso fazer ou não? Vinte páginas de jornal para isso”, proferiu.
O presidente brasileiro se referia a medida provisória que possibilita companhias de capital aberto publicarem seus balanços no portal da CVM ou no Diário Oficial.
A CVM enviou à Petrobras um documento requerendo uma explicação da estatal. “Solicitamos que essa companhia esclareça (podendo referenciar a documentos públicos já divulgados) sua governança na relação com o seu acionista controlador, à luz dos deveres e responsabilidades dos administradores e controladores previstos na lei 6404/76 [que regula as empresas com capital em bolsa]”, exigiu a CVM.
Resposta da Petrobras
Nesta segunda-feira (26), a Petrobras respondeu a CVM, dizendo que faz uso das melhores práticas do mercado em relação à governança corporativa.
“O relacionamento da companhia com seu acionista controlador é pautado pelas normas aplicáveis, conforme amplamente divulgado ao mercado e suas decisões visam o melhor interesse de seus acionistas e demais públicos de interesse”, afirmou a estatal.
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Caso antigo
Em abril deste ano, a CVM também pediu para que a Petrobras explicasse o reajuste no preço do diesel. A estatal chegou a perder R$ 32,4 bilhões em valor de mercado em um só dia.
O presidente Jair Bolsonaro confirmou, na época, que pediu a suspensão do reajuste de 5,7%. Entretanto, em entrevista após a fala de Bolsonaro, Castello Branco, presidente da Petrobras, negou ter recebido orientação do mandatário brasileiro para cancelar o reajuste.