Petrobras (PETR4): CVM analisa renúncia de presidente e comportamento de ações
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu dois processos contra a Petrobras (PETR4). A autarquia está analisando as informações divulgadas pela estatal no processo da troca da presidência da estatal, que nesta segunda-feira (20) ganhou mais um capítulo com a renúncia do CEO demissionário, José Mauro Coelho. A CVM examina ainda o comportamento dos papéis da companhia desde 3 de junho, em função de oscilações registradas na Bolsa.
De acordo com a autarquia, avaliação que está sendo realizada é um procedimento padrão em caso de fatos relevantes e nenhuma investigação foi aberta sobre o assunto. Entretanto, isso não impediria uma futura investigação caso seja necessário.
O que a autarquia observa é cronologia do que ocorreu nesta segunda (20): primeiro, a Petrobras informou à CVM sobre a saída de Coelho da presidência da Petrobras; meia hora depois comunicou a renúncia do executivo ao Conselho de Administração; 50 minutos mais tarde, anunciou a nomeação do diretor de Exploração e Produção da estatal, Fernando Borges, como presidente interino.
De acordo com a entidade, o processo vai investigar primeiro as notícias anteriores à renúncia. O anúncio da estatal ocorreu depois que o jornal O Globo publicou que membros do conselho de administração da Petrobras, que conversaram com Coelho no fim de semana, relataram a disposição de o executivo pedir demissão.
Antes da companhia se manifestar oficialmente sobre a renúncia, os negócios com ações da empresa foram suspensos na B3 (B3SA3).
A CVM também pediu esclarecimentos sobre o comportamento atípico das ações da Petrobras desde o dia 3 de junho, tendo em vista as últimas oscilações registradas, o número de negócios e a quantidade negociada. É um segundo processo que será analisado.
Em resposta, a Petrobras esclareceu que não tem conhecimento de qualquer ato ou fato relevante pendente de divulgação que possa justificar as oscilações registradas no preço, na quantidade e no número de negócios envolvendo ações de sua emissão.
“A companhia reafirma, ainda, seu compromisso com as melhores práticas quanto à divulgação de informações relevantes acerca de seus negócios”, disse a Petrobras em nota à CVM.
Desde que o tom do governo se elevou contra a Petrobras na semana passada, as ações da companhia têm perdido valor de mercado. Com as perdas na Bolsa na sexta (17) da semana passada, a estatal perdeu R$ 27,3 bilhões de valor de marcado em um só dia, segundo dados de levantamento da Economatica divulgados no portal G1.
Decisão que escolheu presidente interino da Petrobras (PETR4) irritou governo, diz coluna
Após a renúncia do presidente da Petrobras (PETR4), José Mauro Coelho, o conselho de administração decidiu nomear Fernando Borges, diretor de Exploração e Produção, como presidente interino da empresa.
De acordo com a coluna de Lauro Jardim, do O Globo, a decisão irritou o governo.
A intenção era que o escolhido já fosse Caio Paes de Andrade, indicado do Ministério de Minas e Energia para substituir Coelho. O Palácio do Planalto preferia que Andrade fosse apontado como interino, para depois ser efetivado no cargo.
A indicação de Paes de Andrade já foi comunicada à estatal há quase um mês, o que daria tempo suficiente, segundo o Executivo, para que a burocracia resolvesse qualquer pendência previamente.
A coluna afirma que o governo de Jair Bolsonaro (PL) trabalha atualmente com duas possibilidades para a eleição de Paes de Andrade.
A primeira, alternativa mais otimista, seria a nomeação ainda hoje após convocação de uma reunião de emergência do Conselho. A outra seria indicar Andrade entre quinta (23) e sexta-feira (24), no caso de o Conselho entender que seria necessário o Comitê de Pessoas da Petrobras resolver processos burocráticos que constam currículo de Paes de Andrade.
Um ministro de Bolsonaro, ao ser questionado a respeito de sua expectativa sobre a rapidez do processo, disse que “o correto era que a nomeação do Caio fosse feita hoje, mas não confio em mais nada do que sai ali da Petrobras: se não for hoje, será nesta semana.”
Outra fonte ouvida pelo colunista de o Globo foi um integrante do Conselho de Administração da Petrobras. Ele afirmou ter opinião semelhante sobre o prazo. “Até amanhã isso estará resolvido”, disse.
O ministro Adolfo Sachsida, das Minas e Energia, disse à coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, que Caio Paes de Andrade deve ser nomeado presidente da Petrobras “em 2 ou 3 dias”. Mas, para que ele passe a ocupar o cargo definitivamente, a indicação precisa ter o aval do Conselho de Administração da Petrobras.
(Com informações do Estadão Conteúdo)