CVM não está feliz com day trade e estuda mudar regulamentação, diz coluna
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) esteve em contato com nomes do mercado financeiro, incluindo bancos e corretoras, para abordar operações de day trade. De acordo com informação da coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, a xerife do mercado de capitais brasileiro está preocupada com investidores que acabam incorrendo em prejuízo através da estratégia especulativa e estuda uma mudança na regulamentação.
O “day trader”, quem opera com compra e venda de ativos no mesmo dia, tem baixa chance de conseguir uma renda satisfatória, mostrou estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a instituição, apenas 0,57% dos investidores continuam fazendo day trade após 300 pregões e, na média, day traders têm um prejuízo bruto de R$ 49 diariamente.
Atualmente, são pouco mais de 3,5 milhões de investidores pessoas físicas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), contra cerca de 600 mil CPFs cadastrados em 2016. E o interesse por day trade no Brasil veio junto com o crescimento do número de investidores.
Na edição 15 de “Cadernos CVM”, de 2020, a qual trata das operações, a autarquia destacou que o interesse pela estratégia de operação disparou nos últimos três anos. Dados obtidos a partir do Google Trends apontaram para uma salto na procura pelo termo desde 2018, da ordem de quatro vezes.
“O que é surpreendente nestes números pesquisados no Google Trends é que o interesse por day trade é muito maior do que o interesse em, por exemplo, educação financeira e reserva de emergência, ainda mais se levarmos em conta a grave crise econômica-sanitária pela qual o país está passando. Isso pode refletir a falta de educação financeira e a inexistência do hábito de planejamento”, salientou a CVM no livro.
Vantagens e desvantagens do day trade
O modelo de compra e venda diária não é um monstro por si só, mas a capacidade atrair investidores incautos é um ponto de atenção.
“A maior vantagem do day trade é o recurso de alavancagem, que permite investir valores superiores ao que o operador tem disponível”, pontuou a XP Investimentos em relatório. Apesar disso, a estratégia “apresenta riscos altos, que podem desestabilizar o emocional e até adoecer os operadores despreparados ou com um perfil mais moderado.”
Nas palavras da CVM, é importante o investidor usar a alavancagem “com prudência, fazendo operações de modo consciente através de técnicas de gerenciamento de risco. Entre elas, a autarquia listou:
- Investir em conhecimento;
- Estudar o mercado e entender o cenário macro-econômico;
- Criar estratégias de trading bem definidas;
- Definir um limite de perda (stop loss);
- Equilíbrio emocional.
“As operações de day trade possuem alto risco e não são recomendadas para pessoas que não tenham capacida-de de compreender os riscos e as características dessas operações”, ressaltou a CVM.