A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma apuração sobre a venda das ações da Gafisa (GFSA3) pelo GWI Asset Management.
A apuração é para entender quem comprou as ações da Gafisa vendidas na última quinta-feira (14). A B3 e a CVM solicitaram a informação para a GWI Asset Management, que respondeu salientando que desconhece a identidade do comprador das ações. Um processo administrativo foi aberto (19957.001547/2019-70) pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP) para analisar a questão.
Venda de pacote acionário
Na última quinta-feira a GWI Asset Management vendeu em um leilão 33,67% das ações da Gafisa. O proprietário do fundo, o sul-coreano Mu Hak You, deixou de ser o maior acionista da incorporadora. As ações teriam sido vendidas para um grupo de investidores liderados pela corretora Planner.
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Segundo a CVM, a instrução nº358 impõem aos acionistas de comunicar imediatamente a realização de negócios considerados relevantes à companhia. A empresa deverá, em seguida, comunicar a operação imediatamente ao mercado. Em caso de mudança na composição de controle ou estrutura administrativa da empresa, a comunicação aos investidores deve ser feita pelos canais de comunicação utilizados habitualmente.
A Planner, além da própria B3, forçaram o GWI Asset Management a vender um lote significativo das ações da Gafisa. Mu Hak queria uma negociação com potenciais compradores para ganhar um prêmio com a venda. Entretanto, era necessário cobrir margens de garantia de suas posições alavancadas no mercado acionário. Nesses casos, se garantias extras não forem depositadas para mostrar que a empresa alavancada consegue cumprir contratos, a corretora tem direito a executar as posições.
“A execução de garantias pela Planner ocorreu por conta da crescente chamada de margem adicional em virtude das operações de compra a termo de ações de emissão da Gafisa por integrantes do grupo GWI Asset Management, bem como pela diminuição progressiva do valor de mercado das próprias garantias (fundamentalmente ações GFSA3) depositadas na Planner pelos integrantes desse grupo, que também não atenderam aos comandos para depositar garantias adicionais e regularizar a situação”, informou a CVM em nota divulgada por sua assessoria de imprensa.
A própria Gafisa infirmou na última sexta-feira (15) que o GWI Asset Management possui atualmente 3.338.600 ações ordinárias. No total, o grupo detêm 7,7% de ações ordinárias da incorporadora. A operação de venda movimentou R$ 131,4 milhões, com um preço fixado a R$ 9 por ação.
Venda em leilão
Antes do leilão da última quinta-feira (14) na B3 (BM&F Bovespa), a gestora GWI possuía 49,94% da Gafisa. Isso corresponde a uma participação equivalente a 21.653.496 ações. A venda gerou euforia na Bosa de Valores de São Paulo. Isso por causa da gestão polêmica e Mu Hak You.
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O mercado espera que os novos controladores melhorarão a gestão da empresa. Por isso, um grupo de investidores, através da Planner Corretora, adquiriu 14,6 milhões de ações, o equivalente a 33,67% do capital da Gafisa.
Uma nova assembleia para a nomeação do Conselho de Administração será nomeada na próxima semana. A nova diretoria também será indicada durante a assembleia.
A GWI já havia confirmado que negociava a venda de sua participação na empresa. A gestora do empresário coreano Mu Hak You assumiu a construtora em setembro, e trocou o Conselho de Administração e a diretoria executiva.
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Gestão da GWI
A gestora de investimentos GWI foi fundada por Mu Hak You. O empresário sul-coreano é conhecido por participar ativamente da gestão das empresas nas quais investe. O Hak You já desentendeu-se com sócios, como no caso das Lojas Americanas (LAME4) e, mais recentemente, na Saraiva (SLED4).
Desde a mudança de controle, em setembro do ano passado, a Gafisa realizou demissões, deixou de pagar fornecedores e passou a buscar a renegociação de contratos que considera pouco vantajosos.
Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, os prejuízos enfrentados pela construtora são:
- 2017: perda de R$ 849,8 milhões
- 2018: perda de R$ 122,5 milhões
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Desvio de recursos
Em 6 de fevereiro, a Gafisa registrou forte queda nas ações na B3. A baixa ocorreu após a companhia ser acusada por uma securitizadora de desvio de recursos. Os papéis da construtora encerraram a R$ 13,01, recuando 6,54%.
A Gafisa havia securitizado Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) à Polo Capital Securitizadora. Ou seja, os créditos imobiliários haviam sido transferidos para outro credor.
Portanto, a Polo Capital teria direito de receber parte dos valores pagos pelos clientes da companhia.
Contudo, segundo a securitizadora, a empreiteira teria enviado, neste mês, novos boletos de cobrança aos clientes, nos quais constavam os dados bancários da própria da construtora, em vez dos relativos à Polo Capital.
O total a ser recebido seria de R$ 1,8 milhão. A Gafisa emitiu cerca de R$ 300 milhões em CRIs.
Em fato relevante anunciado na terça-feira (5), a Polo Capital apontou “descumprimento de obrigações de gestão e cobrança dos créditos prevista nos contratos de cessão firmados entre as partes”.
Com a alteração dos boletos, a securitizadora diz que “a Gafisa passou a receber indevidamente os créditos de compradores de imóveis de titularidade da securitizadora”.
Por meio de nota à Imprensa, a Gafisa informou que está “tomando as medidas cabíveis” em relação à acusação de ter se apropriado indevidamente de créditos de compradores de imóveis que deveriam ser usados para remunerar operação de securitização.
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