Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles, Carlos Alberto Sicupira e a diretoria da Americanas (AMER3) estão sendo investigados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por uma suposta omissão de informações relevantes no primeiro comunicado ao mercado sobre o escândalo contábil da empresa.
Segundo informações divulgadas nesta quinta (26), a autarquia quer saber por que o primeiro comunicado, divulgado em 11 de janeiro, não trouxe as informações atualizadas sobre a gravidade da situação financeira da Americanas.
De acordo com a Folha de São Paulo, esse é o primeiro processo dentro da CVM que coloca os bilionários do 3G Capital como investigados pelo escândalo na Americanas.
Um dos questionamentos da comissão é como o rombo financeiro escalou de R$ 20 bilhões para R$ 40 bilhões em três dias. Na ordem cronológica:
- No dia 11 de janeiro, a varejista soltou um fato relevante no qual dizia ter encontrado “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões; além disso, o negócio comunicou a saída do então CEO Sergio Rial, que havia chegado ao comando da empresa no começo deste ano;
- No dia 12, Rial comandou uma conferência com os acionistas da varejista. Nessa ocasião, ele disse que a maioria das dívidas não estava atrelada a covenants financeiros, cláusulas que impõem obrigações a tomadores de empréstimos.
- No dia 13, a Americanas foi à Justiça pedir uma proteção contra os credores, argumentando que esses contratos poderiam levar ao vencimento antecipado de cerca de R$ 40 bilhões em dívidas.
Nos ofícios obtidos pela Folha, a CVM questiona a Americanas sobre a demora no reconhecimento da real situação da companhia e argumenta que acionistas e administradores tem o dever de “divulgar imediatamente o ato ou fato relevante pendente de divulgação, na hipótese de a informação escapar ao controle ou se ocorrer oscilação atípica na cotação, preço ou quantidade negociada dos valores mobiliários”.
Entre os pregões de 11 e 25 de janeiro, as ações AMER3 derreteram 92,17% na bolsa brasileira.
No domingo (22), os acionistas de referência publicaram uma nota conjunta na qual disseram que não sabiam das inconsistências contábeis e que não admitiriam manobras na companhia. “Acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto”, destacou o trio na ocasião.
Americanas: Recuperação judicial de R$ 43 bilhões
A Americanas protocolou o seu pedido de recuperação judicial na semana passada, quando informou à Justiça que possui dívidas de R$ 43 bilhões.
Essa recuperação judicial é a quarta maior da história do Brasil. Até o momento, o maior caso de débitos empresariais levados à Justiça desta forma foi o da antiga Odebrecht, atual Novonor, com dívidas de R$ 80 bilhões.
A medalha de prata deste ranking ficou com a Oi (OIBR3), de R$ 65 bilhões, e o terceiro lugar está com a Samarco, com dívidas de R$ 55 bilhões.
Na quarta (25), a Americanas também formalizou o seu pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.