CVM: autorregulação de influencers de investimentos deve ser tratada com cautela

A diretora da CVM, Marina Copola, afirmou que a autorregulação de influenciadores digitais no mercado financeiro é um tema tem que ser tratado com alguma cautela, para não correr o risco de jogar “a rolha junto com a champanhe”.

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Em evento nesta quinta-feira (18), promovido pelo escritório Levy & Salomão Advogados em São Paulo, a representante da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) falou sobre “as fronteiras do marketing de influenciadores no mercado financeiro”.

“A democratização da informação e acesso ao mercado de ações é muito valorosa, mas com isso surgem alguns riscos”, pontuou Copola, que assumiu a CVM em junho de 2023, indica pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Entre os riscos apontados por Marina estão o talento de cada profissional e o conflito de interesses, que pode impactar na flutuação de preços de ativos.

Além disso, a diretora pontuou que existe um caminho ainda a percorrer para tentar chegar a um consenso sobre um exercício dos influenciadores de investimentos sem esbarrar em princípios de liberdade de expressão ou aquelas já colocados do mercado.

“A dificuldade é que estamos tratando de um público mais precarizado, menos especializado”, comenta Copola.

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Evento reúne CVM, Anbima e agência de publicidade

Ao lado de Marina Copola, também participaram do evento o gerente executivo da Anbima, Luiz Henrique Carvalho, o CEO da agência de publicidade R/GA, Marcio Oliveira, e um dos sócios do escritório de advogados do Levy & Salomão, Luiz Felipe Calabró.

Carvalho relembra que a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) finalizou em 2022 para vigência em 2023, suas normas de autorregulação.

“A ideia não é inviabilizar influenciadores, pois eles são importantes,” indica o executivo.

Em números, Carvalho aponta que atualmente existem mais de 500 influenciadores digitais, com cerca de 1.200 perfis nas redes.

De seu lado, o publicitário Marcio Oliveira recapitula como os influenciadores surgiram de canais no YouTube e blogs por volta dos anos 2010.

O CEO da R/GA explica que pessoas com carisma e boa oratória, que sejam apreciadoras de algo como vinhos, não precisam ter formação ou especialização na área para publicar seus comentários e fazer a sua avaliação sobre o produto nestas redes.

Nessa linha, Carvalho reforça que, apesar de não haver uma legislação fixa sobre o trabalho dos influencers sobre investimentos, a Anbima tem documentos com orientações de boas práticas.

“Se você criar regras provavelmente vão limitar as atividades e excluir pessoas que estão tentando entrar nesse mercado,” diz Carvalho, defendendo que cabe ao influenciador julgar se o que está exercendo as atividades corretamente.

“Um influencer não pode, por exemplo, mostrar a tela em que está operando ações no home broker”, explica o gerente da Anbima.

Além disso, Carvalho e Copola, representantes da Anbima e CVM no evento, explicaram que a atividade regulada do influenciador que mais tem limites é a análise, pois a recomendação de produtos e de um valor mobiliário, como ações da bolsa de valores, devem ser isentas de interesse.

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Camila Paim

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