CVC: Fundador diz ter pagado propina para se livrar de R$ 160 mi em impostos
O fundador do grupo CVC Brasil, Guilherme Paulus, confessou à Polícia Federal (PF) ter pago propina para livrar uma de suas empresas de arcar com R$ 161 milhões em impostos federais. A informação foi publicada pelo jornal “O Globo” nesta terça (12).
Foi com base na delação de Paulus, que deixou a presidência do conselho de administração da CVC em março, que a PF cumpriu nesta terça 23 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva em cinco estados.
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Segundo a polícia, o grupo investigado movimentou propina no exterior, o que levaria seus integrantes a responder por lavagem de dinheiro e evasão de divisas, além de corrupção e organização criminosa.
Investigação da PF, MPF, Receita Federal e Carf
As ações da PF, junto da Receita Federal e do Ministério Público Federal (MPF), fazem parte da Operação Checkout, um desdobramento da Operação Descarte, deflagrada em março do ano passado. Analisando os materiais apreendidos, os policiais descobriram outro pagamento de propina para uma rede de advogados que então atuavam junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O órgão analisa recursos de contribuintes a respeito de tributos federais. Foi então que a maior operadora de turismo do país, a CVC, começou a ser investigada.
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A CVC pagava propina a esses advogados para que eles cancelassem multas milionárias da empresa junto ao Carf.
“Existe uma rede bem intrincada de intermediários: escritórios de advocacia e lobistas que acabaram intermediando pagamentos. Os pagamentos foram feitos a auditores da Receita lotados em Santo André e posteriormente pessoas do Carf. O auto de infração foi derrubado. O processo todo possui diversas peculiaridades”, afirmou o procurador da República Vicente Mandetta. “Nesses julgamentos sabemos que tem papel preponderante o relator [do conselho do Carf]. E esse relator foi investigado também na Zelotes. Se outras pessoas no Carf receberam [propina], isso precisa ser alvo de aprofundamento”.
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Uma centena de policiais federais e 30 auditores da Receita foram mobilizados na ação. As buscas renderam a apreensão de joias e R$ 85 mil em dinheiro. Além disso, a Justiça emitiu ordem para bloquear bens no valor da propina que teria sido recebida pelos advogados, de R$ 39 milhões.
CVC esclarece sua posição
A CVC divulgou um comunicado esclarecendo que desconhece a investigação da Operação Checkout. Na nota também foi salientado que Paulus não possui mais cargo executivo ou administrativo na empresa.
“A CVC Brasil Operadora e Agência de Viagens S.A. (“CVC Brasil” ou “Companhia”), CNPJ/MF 10.760.260/0001-19, sociedade por ações registrada na Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) como companhia aberta categoria “A”, sob o código 02331-0, com suas ações negociadas em bolsa de valores sob o código CVCB3, vem esclarecer aos seus acionistas e ao mercado em geral que a empresa “Operadora e Agência de Viagens TUR”, mencionada nas investigações da operação Checkout da Polícia Federal, não tem qualquer relação com a Companhia”, aparece escrito no comunicado.
A CVC salientou também que “a empresa citada na imprensa “CVC Turismo” (antiga denominação da Operadora e Agência de Viagens TUR) e a CVC Brasil são empresas distintas e que a referida empresa não faz parte da CVC Brasil e suas subsidiárias, que possui mais de 1.300 lojas”.
A operadora de viagens prometeu também manter os acionistas e o mercado em geral informados sobre do andamento do caso.
Por sua vez, o empresário Guilherme Paulus, também emitiu uma nota.
“A respeito da Operação Checkout deflagrada hoje (12/3) pelas autoridades policiais, informamos que o empresário Guilherme Paulus firmou de forma espontânea acordo com o Ministério Público e a Polícia Federal tornando-se colaborador da Justiça. Nessa condição, o empresário prestou os esclarecimentos requeridos pelas autoridades e assumiu compromisso de confidencialidade sobre seu depoimento”, aparece no texto do comunicado do ex presidente da CVC.