CVC (CVCB3) dispara 17%; CEO fala em “melhor momento desde o início da pandemia”
As ações da CVC (CVCB3) dispararam 17% no pregão desta quarta-feira (16), um dia após a divulgação dos resultados do 4T21 da empresa de turismo. O papel terminou o dia avaliado em R$ 11,82.
Em relatório, o BTG Pactual destacou que vê “sinais encorajadores de recuperação [da demanda] e uma tendência de melhor rentabilidade” para a CVC. “Gostamos da reviravolta executada pela gestão desde 2020, bem como a enorme escala e poder de barganha com fornecedores (especialmente operadoras hoteleiras), sustentando nossa recomendação de compra“, diz o documento.
Segundo o CEO da CVC, Leonel Andrade, a empresa se encontra em seu melhor momento desde o início da pandemia, em março de 2020. O executivo destaca que todos os setores da empresa apresentam melhorias: governança, controle dos negócios, gestão de pessoas, relação com investidores e acionistas. “O que vimos no 4T21 foi o reflexo dessa evolução nos números”, disse.
De acordo com o consenso Refinitv, a CVC tem cinco recomendações por casas de análise, sendo 2 de compra e 3 neutras. A mediana do preço alvo está em R$ 20,00, equivalente a um upside de 69,2% em relação ao fechamento de hoje.
O Suno Notícias conversou com o CEO da CVC para saber quais as perspectivas da empresa para os próximos trimestres. Leia a seguir:
Qual o momento da CVC neste março de 2022, dois anos após o início da pandemia?
Independente dos números, estamos em nosso melhor momento desde o início da pandemia. Começamos nossa gestão em abril de 2020 e é muito gratificante ver como a empresa evoluiu e se tornou mais forte em todos os sentidos: controles internos, governança, negócios, gestão de pessoas, relações com investidores. O que vimos no 4T21 é um reflexo dessa evolução.
Hoje, eu acredito que a CVC está muito bem posicionada do ponto de vista absoluto e relativo. Do absoluto, vemos o mercado melhorando substancialmente com a flexibilização das restrições e a possibilidade de volta das viagens. Temos uma demanda reprimida que deve melhorar a vazão nos próximos meses.
E, do ponto de vista relativo, somos a empresa mais preparada e estruturada para dar vazão a essa demanda reprimida. Estamos em um ritmo forte de investimentos, não desmontamos nenhuma unidade e nem estruturas, equalizamos nosso endividamento e agora temos um ótimo indicador de alavancagem e continuamos trabalhando no controle de custos.
Mas o cenário de 2022 continua desafiador com juros altos e inflação. Quais os planos da CVC para enfrentar essas dificuldades?
As pessoas querem viajar. Essa é uma das prioridades de despesas dos próximos meses, segundo as pesquisas. Foram dois anos de restrições e, enfim, os ventos nos favorecem agora. O setor de turismo foi um dos que mais sofreram e agora tende a ser mais beneficiado.
Temos ciência das dificuldades com crédito escasso, renda comprimida, desemprego forte, câmbio alto e ano eleitoral. Tudo isso entra na conta. Mas vemos dois cenários: um de curto e outro de médio/longo prazo.
No curto prazo, dentro dos próximos seis meses, vemos o escoamento da demanda reprimida fortalecendo o setor, com ótimas oportunidades de vendas e negócios. Já no médio prazo, todos os setores devem ser mais afetados pelo cenário macroeconômico, então devemos trabalhar melhor a criatividade de ofertas e o financiamento.
As pessoas querem viajar, então elas se adequam a isso. O cenário difícil não diminui essa vontade, então temos que entregar possibilidades.
A Argentina teve um destaque importante no 4T21. Quais as perspectivas para os próximos trimestres?
Cerca de 20% da receita da CVC vem das empresas do grupo na Argentina, atualmente. Nossa perspectiva é de que esse número suba para 25%. Temos feito investimentos nessa operação internacional desde 2018, mas só agora conseguimos ter a gestão completa dos negócios, depois de muitos acordos.
Em 2022, esperamos integrar os negócios da CVC no Brasil com a CVC na Argentina, com uma gestão unificada e, pela primeira vez, com as fronteiras abertas para viagens sem restrições. Temos a liderança do setor de turismo aqui e também na Argentina, o que é um vantagem competitiva muito grande quando se pensa no fluxo de turistas entre os dois países. Seguramente essa operação vai se fortalecer nos próximos meses.
O avanço do ticket médio no final de 2021 ajudou a alavancar a receita da CVC. Você vê espaço para mais aumentos e mais receita nos próximos trimestres?
O aumento do ticket médio tem dois lados. No curto prazo significa ganhos, aumento de receita e melhores indicadores, mas no médio prazo pode resultar em menores vendas.
Com a inflação, sabemos que esses valores podem aumentar, sim, para os clientes nos próximos meses. Mas nossa maior preocupação é com a saúde das companhias aéreas. A falta de liquidez das companhias aéreas é o que mais pode prejudicar nosso desempenho e elas estão num momento de equilíbrio delicado. Mas, tendo saúde, nós conseguimos negociar e pensar em estratégias para captar os clientes.
Fizemos um mapeamento que mostrou uma base de clientes perto de 30 milhões. Quem tem 30 milhões de clientes tem tudo. Podemos pensar em campanhas de engajamento, retomar a relação com programas de fidelidade e movimentar o turismo brasileiro.
O endividamento da CVC é o menor em dois anos. Conte um pouco sobre isso.
Esse é um tópico que me dá muito orgulho. Conseguimos reduzir a dívida da empresa no período mais difícil da história do turismo. Conseguimos isso com muito controle dos custos e aumento grande da receita.
Hoje, nossa dívida líquida está menor do que a capitalização. Conseguimos isso num momento muito difícil e estamos muito preparados para o futuro, aproveitar o melhor que podemos dos próximos meses. Melhoramos nosso endividamento na hora certa. Nossa posição de caixa está pronta para que possamos desempenhar nosso melhor papel na retoma do turismo no pós-pandemia. Tudo isso graças ao apoio dos nossos acionistas.
A CVC encerrou dezembro de 2019 devendo R$ 1,8 bilhão. Em dezembro de 2021, o valor caiu para para R$ 323 milhões