A CVC (CVCB3) enfrentou uma retração de 9,5% nos seus papéis durante o pregão desta quinta-feira (31) no Ibovespa, revertendo a tendência positiva dos dois dias anteriores.
As ações da CVC haviam subido com uma expectativa do mercado por um aumento do market share da empresa ante o pedido de recuperação judicial da 123Milhas.
O movimento desta quinta (31), assim, foi de correção.
Já durante os dois dias anteriores analistas destacavam um certo ceticismo com esse aumento do market share por parte da CVCB3, dado que seu público tende a ser diferente do da 123Milhas.
“Ontem, as ações da CVC já tiveram uma alta relevante. O mercado especula que ela será beneficiada, mas não sei se na prática isso vai acontecer. São públicos diferentes, os da CVC e os que eram da 123milhas. Mas, de toda forma, é bom para o setor como um todo, porque os preços vão ficar mais racionais”, pontuou Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed.
CVC vai pegar market share da 123milhas?
Consultado pelo Suno Notícias, o analista da Quantzed ainda observa: “Com a crise da 123 Milhas, existe até uma chance de a CVC aumentar o market share, mas essa não é a minha maior convicção. A CVC compete num nicho de público diferente, mais focado naqueles consumidores que até não usam a internet, não compram em sites desse tipo. É um público mais conservador que busca uma marca de referência, acostumado já a comprar na CVC, que vai na loja do shopping, por exemplo.”
Galindo considera “difícil que a CVC vá abocanhar esse market share.” Ele explica: “Eu acho que esse pessoal que comprava na 123 Milhas e no Hurb vai passar a comprar direto no site das companhias aéreas, no site dos hotéis. A não ser que a pessoa tenha um pouco de preguiça ali e vá comprar um pacote já pronto pela CVC, mas ela vai pagar mais caro por isso. Então não é minha tese principal não, não vai pegar o market share da 123milhas.”
No passado, lembra Galindo, o surgimento dessas plataformas teve impacto no operacional da CVC “porque mostrou que o produto era mais caro, então empresas como a 123milhas começaram a praticar preços muito abaixo do mercado – que você não encontra no próprio site da companhia aérea ou do próprio hotel.”
O analista acrescenta: “Isso acabou distorcendo os preços e a competição do setor. Então, teve um impacto significativo ali no operacional da CVC. Não diria que tão significativo assim, mas acho que acabou afetando mais as próprias empresas aéreas do que a CVC em si. Mas esses preços baixos criaram um ambiente de competição ruim para o setor e impactou negativamente as empresas.”
Perspectivas
Em relação às perspectivas para a CVC, Galindo lembra que é possível ver uma “melhora na operacional da companhia daqui pra frente”. A companhia vem enxugando as despesas, “focando mais no core, na questão dos pacotes, fretamento. Então já tem uma margem melhor e menos competição do que ficar competindo por preço de passagem aérea.”
A despesa da CVC “tinha crescido muito nos últimos anos. Era parte do que causava esse prejuízo nos últimos trimestres”. Endereçando isso, ele argumenta, “a empresa deve ter uma boa economia e melhorar e reverter esse prejuízo pra lucro, não sei se nesse trimestre ou no próximo, mas a partir de 2024, ao menos lucro operacional.”
E o que fazer com as ações da CVC?
“Para quem já tem a CVC na carteira, a recomendação é de manter, a gente tem recomendação para ela. A empresa está valendo hoje cerca de R$ 1 bi. Se esses resultados melhorarem, se a empresa começar a entregar resultados positivos, deve obster lucro operacional mais próximo do que entregava no passado e conseguir reduzir as despesas. Ela já endereçou a questão do endividamento dela com follow-on, então a despesa financeira vai melhorar, tem tudo pra essa lucratividade aumentar, olhando pra 2024 em diante. Então, na nossa opinião, a recomendação é de manter.”
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