A curva de juros a termo manteve a precificação de alta de 175 pontos-base da Selic em dezembro, para 9,50%, após o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir elevar a Selic para 7,7% na quarta-feira (27) – ou seja, em 150 pontos-base (p.b) e não em 175 p.b, como a curva apontava. Os cálculos são do economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano.
O Copom, no entanto, sinalizou em seu comunicado outra alta dos juros, de 150 p.b em dezembro. Outro aumento de 175 p.b está precificado para a reunião de para fevereiro, com Selic encerrando 2022 em 13%.
Serrano, por sua vez, espera uma alta de 150 p.b na próxima reunião, para 9,25%, e Selic terminando em 11% no ano que vem, com chance de afrouxamento monetário no segundo semestre, por conta de “inflação de 2022 indo para abaixo da meta, baixo crescimento, hiato aberto e desemprego elevado”, sendo que o economista não descarta o risco de recessão em 2022.
“Também há chance de o PIB ser negativo já no primeiro trimestre de 2022”, diz.
Alta da Selic
Os juros futuros curtos abriram em queda nesta quinta (28) em reação à decisão do Copom de elevar a Selic em 150 pontos-base, para 7,75% ao ano, e não em 175 pontos-base como era a aposta majoritária na curva.
O movimento, no entanto, foi de curta duração, uma vez que as taxas já subiram bastante nos últimos dias, segundo um trader. Além disso, segundo ele, os demais sobem também pelo fato de o BC ter sido menos agressivo no aperto desta quarta-feira.
De negativo nesta manhã tem o IGP-M de outubro, que subiu 0,64% na margem, após cair 0,64% em setembro, e superou o teto das estimativas do Projeções Broadcast, de 0,61%. Além disso, houve o adiamento da votação da PEC dos Precatórios na Câmara por falta de quórum seguro, o que significa um revés para o governo.
Às 9h29, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subia para máxima de 11,59%, de 11,52% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2025 subia para máxima de 12,06%, de 11,81%, e o para janeiro de 2027 subia para 12,15%, de 11,90% no ajuste anterior.
Decisão do Copom
Pressionado pela escalada incessante da inflação e pela manobra do governo para alterar a regra do teto de gastos – rompendo assim a âncora fiscal do País -, o Copom do Banco Central acelerou novamente o ritmo de elevação da Selic na quarta (27), com alta de 1,50 ponto porcentual, de 6,25% para 7,75% ao ano.
A última vez que o Copom tinha aumentado a Selic em mais de 1 ponto porcentual foi em dezembro de 2002, quando a taxa passou de 22,00% para 25,00%.
O movimento desta quarta-feira foi o sexto aumento dos juros consecutivo, após o BC cortar a taxa básica à mínima histórica (2,0%) em meio à pandemia de covid-19. Nas cinco reuniões anteriores, o BC havia subido a taxa em 0,75 p.p. em três ocasiões e em 1 p.p. nos encontros de agosto e setembro.
Com a decisão de hoje, a Selic está no maior patamar desde outubro de 2017, quando estava em um ciclo de afrouxamento após alcançar 14,25% em meio à crise de 2015 e 2016.
É, portanto, o maior nível dos juros básicos da economia do governo Bolsonaro. Quando o presidente chegou ao poder, a taxa Selic estava em 6,50%.
A decisão de hoje era esperada pela maior parte do mercado financeiro. Após as manobras anunciadas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do Bolsa Família e a surpresa de alta com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de outubro, 32 de 38 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast apostavam em aumento de 1,5 p.p. na taxa Selic, para 7,75%.
Duas esperavam alta de 1,75 ponto, para 8,0%, e outras duas previam avanço de 1,25 ponto, a 7,50%. Havia ainda uma casa que acreditava que a Selic subiria a 8,25% e outra que esperava aumento de 3,0 pontos porcentuais, a 9,25%.
Com o último movimento de aperto monetário, o Brasil voltou a ter a maior taxa de juros real (descontada a inflação) do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em +5,96% ao ano. Na segunda e terceira posições, aparecem a Rússia (4,77%) e a Turquia (3,46%). A média dos 40 países considerados é de -0,96%.
Com informações do Estadão Conteúdo