Lucro da CSN Mineração (CMIN3) salta 23% no 4T22, mas recua no ano; analistas se dividem sobre o resultado
O lucro líquido da CSN Mineração (CMIN3) no quarto trimestre de 2022 (4T22) saltou 23,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, com um montante de R$ 871,3 milhões — acima do consenso Refinitiv, que apontava para R$ 799,5 milhões. Apesar disso, no acumulado dos 12 meses, o indicador recuou 53%, saindo de R$ 6,371 bilhões em 2021 para R$ 2,95 bilhões em 2022.
Já o Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da CMIN no 4T22 foi de R$ 1,785 bilhão, alta de 110% em relação aos R$ 850 milhões contabilizados no 4T21. O consenso Refinitiv estimava R$ 1,2 bilhão para o período. No acumulado de 2022, o indicador registrou R$ 6,033 bilhões, um recuo de 41,8% ante aos R$ 10,381 bilhões de um ano antes.
Enquanto isso, a receita líquida da CMIN no 4T22 alcançou o montante de R$ 3,512 bilhões, avanço de 48% na comparação o mesmo período de 2021 e praticamente em linha com os R$ 3,35 bilhões projetado pelo Refinitiv. No total de 2022, assim como o visto em outros indicadores, houve o recuo de 42% com um montante de R$ 6,033 bilhões.
“O ano de 2022 foi marcado por uma série de desafios para o setor de mineração. O alto volume de chuvas no Brasil, a guerra entre a Rússia e Ucrânia e as incertezas relacionadas à economia chinesa foram elementos que trouxeram instabilidade para o mercado transoceânico de minério de ferro ao longo de todo o ano”, pontua a CMIN3 no relatório trimestral.
Ao todo, a produção de minério de ferro da CMIN no 4T22 somou 9.342 mil toneladas, o que representa uma alta de 35% frente às 6.919 mil toneladas contabilizadas no 4T21. No acumulado do ano, houve um recuo de 7%, saindo de 36.075 mil toneladas de minério de ferro em 2021 para 33.720 em 2022.
“Vale recordar que o menor volume de produção em 2022 foi consequência direta dos impactos das chuvas registradas no início do ano, além do ramp-up dos projetos conectados à Planta Central (CMAI 3, espirais e rebritagem)”, justificou a companhia.
Mais números da CMIN
Ainda segundo o relatório da CMIN3, no 4T22 o resultado financeiro líquido foi negativo e alcançou o montante de R$ 439 milhões — no mesmo período de 2021, os ganhos financeiros foram de R$ 160 milhões.
O total de investimentos da CMIN no 4T22 foi de R$ 222 milhões, destinados especialmente à sobressalentes, reforma de frota e evolução da P-15. Em 2022, o capex atingiu o valor de R$ 1,211 milhões, uma redução de 14% em relação ao ano de 2021.
Já a dívida líquida da CMIN3 no 4T22 totalizou R$ 2,02 bilhões, uma elevação de aproximadamente R$ 3,2 bilhões em relação ao trimestre anterior. Segundo a companhia, “como consequência, principalmente, da distribuição de proventos aos acionistas”.
Por fim, o indicador de alavancagem financeira da mineradora, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 0,33 no 4T22 ante ao -0,59 do mesmo período de 2021.
XP: resultados “ligeiramente positivos”
Em relatório assinado pelos analistas Andre Vidal, Guilherme Nippes e Helena Kelm, a XP Investimentos disse ver os resultados da CMIN3 como “ligeiramente positivos”. Segundo a casa, os investidores ainda estão tentando quantificar a reabertura chinesa e entender como o mercado imobiliário chinês reagirá olhando para frente.
“No entanto, acreditamos que os preços do minério de ferro já estão refletindo a maior parte da reabertura e reconhecemos as dificuldades para encontrar um catalisador de curto prazo para um re-rating que não seja uma melhora na demanda chinesa”, pontuam.
Apesar disso, os analistas ainda veem a CMIN negociando a múltiplos baixos (3x EV/EBITDA) e, por isso, mantém a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 7,80.
BTG: “ainda cautelosos”
Enquanto isso, Leonardo Correa e Caio Greiner, analistas do BTG Pactual (BPAC11), frisam que recentemente a casa rebaixou a recomendação de compra para os ativos da CSN Mineração e que diante dos resultados do 4T22 eles se mantêm “ainda cautelosos na alocação e entrega de capital”.
“O desempenho operacional e os planos de crescimento da CMIN estão abaixo da média desde o IPO (Oferta pública inicial). A empresa perdeu a orientação de produção e custo, enquanto seu robusto plano de expansão continua sendo adiado”, explicam.
No entanto, à medida que as perspectivas para o minério de ferro e o aço melhorarem à frente, o BTG espera que tanto as ações da CMIN, quanto da sua holding, a CSN (CSNA3), apresentem um desempenho sólido nos próximos meses e trimestres.
Apesar disso, o BTG mantém o rating neutro para a CMIN, com preço-alvo a R$ 6, “devido à perspectiva mais cautelosa para o grupo e nossa preferência por outros ativos sob nossa cobertura”.