Na última sexta-feira (29), foi anunciada a aquisição da CEEE-G pela CSN (CSNA3). De acordo com analistas do Itaú BBA, a compra pode elevar questionamentos sobre alocação de capital da empresa.
A CSN venceu a licitação do governo do estado do Rio Grande do Sul, conseguindo a fatia de 66,23% no ativo de geração de energia Companhia Estadual de Geração de Energia Elétrica (CEEE-G).
O lance vencedor foi de R$ 928 milhões, com ágio de 10,93% sobre o preço mínimo de R$ 836,9 milhões de reais definido em edital. Também há uma outorga de R$ 2,0 bilhões, ajustada para taxa Selic, totalizando R$ 2,9 bilhões.
Além disso, a Eletrobras (ELET3) tem o direito de tag along para vender sua participação de 33,77% por 80% do preço pago. Se for exercido, terá valor adicional de desembolso para a CSN de R$ 379 milhões, potencialmente elevando a conta total para R$ 3,3 bilhões (neste caso para 100% do ativo).
Na opinião dos analistas do Itaú BBA, os questionamentos possíveis a respeito da alocação de capital vem de investidores, que podem ter preocupações sobre a estratégia escolhida pela CSN: “Acreditamos que os investidores provavelmente prefeririam retornos na forma de dividendos e/ou recompras”, diz o relatório.
A CSN tem atuado em aquisições (Lafarge, CEEE-G) e possui um pipeline robusto de projetos orgânicos pela frente, com expansões em siderurgia e mineração, conforme os analistas.
Cálculos preliminares indicam que, no total, o negócio tem potencial de algo em torno de R$ 2,9 bilhões, indo no máximo para R$ 3,3 bilhões, o que pode trazer impacto limitado na alavancagem da CSN, “provavelmente elevando sua dívida líquida/Ebitda em 0,2 vez a 0,3 vez em 2023.
O Itaú BBA também ressalta que o investimento está alinhado com outros movimentos recentes da CSN no setor de energia (o Sacre II, Hidrelétricas de Santa Ana e Quebra Queixo), todas destinadas a garantir a benefícios associados à autogeração.
O Itaú BBA tem recomendação neutra para as ações da CSN, com preço alvo em R$ 23, potencial de alta equivalente a 55%.
A siderúrgica disputou a CEEE-G por meio da Companhia Florestal do Brasil, com a Auren Energia (AURE3), do grupo Votorantim e do CPPIB.
De acordo com a apuração da Agência Reuters, inicialmente a CSN tinha planos de entrar em consórcio com a francesa EDF, mas a parceira acabou desistindo de última hora de participar do processo.