Em meio a investidores ávidos por uma melhor rentabilidade, na era de juros baixos no Brasil, e a necessidade de capital de pequenas empresas para expansão, a modalidade de crowdfunding, de investimentos coletivos em pequenas empresas, cresceu quase 50% no último ano e deve continuar a ganhar fatias das carteiras em meio a mudanças na legislação que devem chegar ao País.
O crowdfunding é uma espécie de financiamento coletivo, no qual inúmeros indivíduos têm a possibilidade de aplicar montantes financeiros de diversas proporções em, geralmente, ideias não concebidas ou então em negócios pré-estabelecidos no seu início de operação.
De acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esse mercado subiu 43% no último ano, quando movimentou R$ 84,4 milhões, ante R$ 59 milhões em 2019. Segundo o órgão, o valor apurado em 2020 é dez vezes superior aos R$ 8,34 milhões quatro anos antes.
“A legislação de equity crowdfunding começou em 2017 e, desde 2019, vem ganhando mais força. Está crescendo bastante, com plataformas especializadas nesse tipo de investimento fazendo um trabalho de due dillegence, que deixa o projeto redondo e facilita muito a vida dos investidores, que também estão começando nesse mercado”, disse Ingrid Barth, vice-presidente da Abstartups.
Atualmente, a CVM, que regula também esse mercado, limita em R$ 5 milhões a possibilidade de captação dessas pequenas empresas via crowdfunding. O SUNO Notícias apurou, no entanto, que a mudança da legislação para um limite de R$ 10 milhões deve ocorrer no curto prazo -auxiliando no crescimento desse mercado.
Uma das empresas que aproveitaram a onda dos investimentos foi a Play2Sell, startup que utiliza a gamificação para treinamento de vendedores. Na última rodada, a empresa levantou R$ 2 milhões de mais de 400 investidores.
De acordo com o diretor-presidente (CEO) da Play2Sell, Felipe dos Santos, esse tipo de captação trouxe velocidade e possibilidades de mais negócios à empresa.
“No terceiro round, falei com o alguns fundos de venture capital, já que tínhamos uma rede importante de contatos, mas esse processo de conversa com os fundos é algo moroso”, disse.
“Os fundos de venture capital ainda não estão na velocidade que as startups estão. Já os crowdfunding são maravilhosos e rápidos. Com 430 investidores que entraram, criamos um desenvolvimento de parcerias, com muitos deles com sinergia do negócio”, afirmou dos Santos.
Investidores devem medir risco do crowdfunding
Se a velocidade é aliada das empresas que captam dinheiro via crowdfuding, os investidores interessados em aportar em companhias incitantes mediante esse financiamento coletivo devem fazer um gerenciamento de risco da carteira antes da tomada da decisão.
De acordo com Virginia Prestes, professora de finanças da FAAP, o investidor interessado precisa fazer as vezes de uma grande empresa, colocando o valuation da companhia e analisando riscos e possibilidades de retorno.
“Esse investimento é para um investidor agressivo pois há riscos. Primeiro ele precisa ver se essa startup é um bom investimento, principalmente para o investidor pessoa física, pois para você ter acesso a empresa, conhecer, fazer o valuation, normalmente é necessário uma equipe com bastante experiência”, disse.
Segundo a especialista, o principal risco é o de crédito, já que a maioria das startups não vinga. “É um investimento altamente especulativo pelo risco de crédito que essas empresas têm”, disse.
“O crowdfunding em si é uma maneira muito boa, pois possibilita que o investidor coloque uma parte pequena da carteira dele nisso. Como são investimentos altamente voláteis, eles têm que estar dentro da carteira de renda variável e ainda dentro dessa modalidade, é para quem quer ter uma especulação com volatilidade maior”, completou.
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