A Juventus estreou nesta quarta-feira (13) no mercado financeiro emitindo títulos da dívida ligados ao jogador Cristiano Ronaldo. O time italiano, campeão dos último sete anos consecutivos, emitiu 175 milhões de euros (cerca de R$ 740,25 milhões) em debêntures. Os títulos foram negociados na Bolsa de Valores de Milão, com uma taxa de juros foi fixada em 3,5% e o vencimento em cinco anos.
A Juventus decidiu levar adiante a operação para cobrir a dívida gerada pela contratação de Cristiano Ronaldo. O craque português custou 115 milhões de euros para o time italiano, valor amortizado em quatro anos. Além disso, o jogador ganha 60 milhões de euros brutos por ano.
“A decisão tem como objetivo dotar a sociedade de recursos financeiros para a própria atividade otimizando a estrutura e o vencimento da dívida”, infirmou a Juventus em uma nota.
Graças a imagem de Ronaldo atrelada aos papeis, o sucesso da operação de emissão da dívida superou as expectativas. A Juventus tinha previsto de emitir 150 milhões de euros, mas no final foram 175 milhões. Além disso, os pedidos dos investidores cobriram mais de 250 milhões de euros, mesmo se a venda foi “reservada a investidores qualificados”.
Juventus com contas em vermelho
Ronaldo é considerado um fator de aceleração nas receitas da Juventus, mas os efeitos positivos serão contabilizados em 2-3 anos. Em 2019 o time de Turim ganhou 4 milhões de euros a mais dos sócios-torcedores, em um total de 29,7 milhões. Além disso, renegociou o contrato com a Adidas, ganhando 15 milhões de euros para esse ano e um aumento de 23 milhões para 51 milhões de euros para 2020. Somente nos primeiros três meses da chegada do craque português foram vendidas 400 mil camisetas dele, enquanto a venda dos outros jogadores dobraram.
Mas tudo isso não é suficiente para compensar a explosão dos custos. Os analistas estão prevendo um aumento nas receitas operacionais (excluindo ganhos de capital) de 402,3 milhões de euros para 466,6 milhões de euros nesta temporada.
Entretanto, os custos com folhas de pagamentos mais a amortização dos jogadores aumentarão mais do que isso. Essas despesas passarão de 367 milhões para 469 milhões de euros. Por isso, estão previstas perdas para os próximos de três anos: -68 milhões este ano, -62,4 milhões em 2020, -26,3 milhões em 2021. Em 2018 o time tinha registrado uma perda de -19,23 milhões de euros.
As dívidas financeiras líquidas subiriam para 410 milhões de euros e o patrimônio líquido foi reduzido para apenas 4 milhões de euros, se tornando negativo de -58,4 milhões de euros até junho de 2020.
Todavia, as contas do time poderiam ser influenciadas pelos resultados obtidos na Champions League. A Juventus previu em seu plano financeiro de chegar até as quartas de final. E a previsão dos analistas é que a cada vitória o time ganhe 15 milhões de receita adicional.
Emissão de títulos comum no campeonato italiano
A operação de emissão de debêntures foi autorizada pelo Conselho de Administração do time, controlado pela família Agnelli, dona da FIAT. Os bancos parceiros da emissão de títulos foram a estadunidense Morgan Stanley e a italiana Ubi Banca. a Ubi é um dos patrocinadores da Juventus.
A Juventus o não é o primeiro time italiano a emitir títulos da dívida. O primeiro foi a Lazio em 1997, que obteve 50 bilhões de liras. Em dezembro de 2017 o Inter de Milão emitiu 300 milhões de euros de debêntures, com rendimento de 4,8% ao ano.